A caminho de 4 de Novembro (IX): Obama quatro pontos à frente

SONDAGEM NACIONAL

-- Barack Obama (democrata) 46
-- John McCain (republicano) 42
-- Ralph Nader (independente) 6
-- Bob Barr (libertário) 3
-- Cynthia McKinney (ambientalista) 1

(CNN/Opinion Research Corporation, dados recolhidos entre 27 e 29 de Julho)

Publicado por André 15:28:00 3 comentários  



chi tante male azioni fa, una grossa ne aspetta

João Paulo Sousa, do da Literatura, comenta o facto de o Ministro da Cultura não passar cartão ao defunto director do Teatro D. Maria II – Carlos Fragateiro. Escapou-lhe um detalhe não menos importante, quem fez as honras da Cultura foi o chefe de gabinete do Ministro - Luís Chaby Vaz que foi membro da equipa de António Lagarto então saneada por Isabel Pires de Lima, para lá meter o ora director exonerado. É evidente que a prudência recomendaria que o actual chefe de gabinete mantivesse uma aparente distância do caso, mas não, bem pelo contrário! Assim talvez se imagine porque é que o ministro apareceu tão pouco, a ver se vai estar preparado quando Carlos Fragateiro começar a destrunfar.

Publicado por contra-baixo 15:07:00 0 comentários  



É Verão

Publicado por Carlos 13:31:00 1 comentários  



A caminho de 4 de Novembro (VIII): as «shortlist» de McCain e Obama para vice-presidente

Aproximam-se as escolhas de John McCain e Barack Obama para os lugares de vice-presidente.

Há, como é costume, muitos nomes atirados nestes meses. Aqui ficam as shortlists dos cinco nomes mais prováveis para cada um dos campos. Por estar ordem de probabilidades:

MCCAIN

-- Tim Pawlenty, governador do Minnesota, dá juventude ao septuagenário McCain

-- Mitt Romney, ex-governador do Massachussets, dá credibilidade económica e entra no eleitorado mais conservador

-- Mike Huckabee, ex-governador do Arkansas, ajuda McCain a penetrar no eleitorado religioso

-- Joe Lieberman, senador pelo Connecticut, o grande aliado de John na batalha pela segurança interna e um trunfo arrebatado ao campo democrata (para mais, é judeu, segmento em que os republicanos têm sempre dificuldades)

-- Bobby Jindal, governador do Luisiana, tem dois trunfos de peso: é muito jovem (37 anos) e dá um ar de abertura étnica (é filho de emigrantes indianos)


OBAMA

-- Joe Biden, senador pelo Delaware, líder do Comité de Relações Externas do Congresso, dá solidez e experiência em política internacional ao inexperiente Barack

-- Tim Kaine, senador pela Virginia, ajuda Obama a melhorar resultados na classe branca trabalhadora

-- Kathleen Sebelius, governadora do Kansas, pode compensar as dificuldades de Barack no eleitorado feminino (feridas da guerra com Hillary)

-- Bill Richardson, governador do Novo México, ajuda Barack a vencer no eleitorado latino e foi decisivo nas primárias, ao escolhê-lo, em detrimento da sua velha amiga Hillary

-- Evan Bayh, senador pelo Indiana, será trunfo na conquista do classe média-baixa branca (um dos problemas de Barack), para mais vindo de um apoiante de Hillary



Nota:
-- achamos quase impossível que Obama escolha Hillary Clinton. Seria um grande erro: Barack pode segurar a maioria do eleitorado de Hillary pelos seus méritos. Se for obrigado a convidar Hillary para sua vice, será um sinal de fraqueza.

Publicado por André 15:26:00 2 comentários  



Terá sido o anúncio da catástrofe ligeiramente exagerado?

«Petróleo deve baixar aos 80 dólares»

(rodapé da SIC Notícias, à uma da manhã)

Publicado por André 01:13:00 0 comentários  



Música ambiente para os tribunais

Publicado por Carlos 16:24:00 1 comentários  



A táctica da antecipação

«Comité Olímpico prevê 40 casos de doping em Pequim»

in Maisfutebol.iol.pt

Publicado por André 17:26:00 1 comentários  



A caminho de 4 de Novembro (VII): os estados decisivos

Números frescos de alguns dos «swing states» que vão decidir a disputa entre Barack Obama e John McCain:

OHIO
-- Obama 48
-- McCain 46
(Survey USA)

FLORIDA
-- Obama 49
-- McCain 47
(Strategic Vision)

MISSOURI
-- Obama 48
-- McCain 43
(Research 2000)

VIRGINIA
-- Obama 46
-- McCain 44
(PPP)

PENSILVÂNIA
-- Obama 51
-- McCain 45
(Rasmussen)

MICHIGAN
-- Obama 46
-- McCain 42
(Quinnipiac)

COLORADO
-- Obama 50
-- McCain 47
(Rasmussen)

Publicado por André 01:01:00 1 comentários  



Canal História



Transplantado daqui.

Publicado por Manuel 19:29:00 0 comentários  



A caminho de 4 de Novembro (VI): McCain reduz a diferença

SONDAGEM NACIONAL

-- Barack Obama 45
-- John McCain 42
(fonte: Gallup, dados recolhidos entre 19 e 21 de Julho)

Publicado por André 15:03:00 1 comentários  



A caminho de 4 de Novembro (V): compare as respostas de Obama e McCain... e escolha!

Publicado por André 15:02:00 1 comentários  



o que aí vem...

Atendendo a que é inútil e quixotesco fazer o que quer que seja antes de isto ir ao fundo... resta tratar de arranjar um bom lugar na bancada... 'Eles' coitadinhos não sabiam, não anteciparam, até desceram o IVA... Sem emenda, também não dão importância a esta prosazinha alarmista no Daily Telegraph de hoje... E depois mesmo que dessem já era tarde de mais. Pode ser que por uma vez, haja males que venham por bem.

Publicado por Manuel 12:37:00 3 comentários  



Ana Gomes strikes again

Ana Gomes, na causa deles, escreve mais uma vez sobre justiça, a propósito do caso Maddie, Casa Pia e o par de botas habituais.

O chorrilho de asneiras, é tão lato e tão grave que nem apetece comentar detalhadamente.

Só apetece comentar, genericamente, como é possível que alguém, com algumas responsabilidades políticas e em nome de um partido como é o PS, escreva do modo que escreve, sem consequências de maior do que provocar a irrisão de um qualquer leitor avisado.

A palavras loucas, ouvidos moucos- é o comentário que se impõe.


Publicado por josé 23:42:00 4 comentários  



E a sede da OPEP é em....?

Publicado por Carlos 17:18:00 0 comentários  



O jornalismo de palpite

Os quatro principais réus do julgamento – Velentim Loureiro, José Luís Oliveira, Joaquim Castro Neves e Pinto de Sousa- serão hoje condenados pelos juízes, sabe o 24 Horas.

Sabia nada. Palpitou o saber, apenas. Apostou na hipótese provável, segundo a opinião do seu director. Baseada em argumentos plausíveis, recolhidos junto de advogados, segundo se lê na notícia de dentro do jornal. A prova? Castro Neves, foi absolvido.

O 24 Horas, sobre assuntos judiciários, raramente sabe de alguma coisa que mereça a pena publicar, como notícia verdadeiramente interessante. Vai sabendo meias verdades, mentiras inteiras, manipulações de factos e causas e publica na primeira página o que o seu director excelentíssimo, Pedro Tadeu, entende como merecedor de destaque, sempre em nome da “verdade, verdade, verdade” que em tempos disse cultivar como valor supremo.

Se eu escrever aqui que Pedro Tadeu é um tonto, estarei a ofendê-lo? É provável, por isso não escrevo como afirmação, nem como hipótese. Coloco apenas a dúvida que me surge, ao ler notícias deste calibre, de peso idêntico ao do célebre envelope nove. Uma manipulação noticiosa, com ofensas graves a figuras do Estado, como era então Souto Moura.

E em nome de quê e de quem?

Money, é uma hipótese. Vender jornais é sempre um objectivo de quem não chega à meia centena de milhar de exemplares vendidos e tem muitas bocas a alimentar numa redacção. Mas, ainda assim, valerá tudo?

Para este jornalismo sem qualidades, a verdade é o que parece a quem escreve?

Apesar da notícia de primeira página, afirmativa, sem qualquer rebuço de dúvida, da condenação de Valentim, José Luís Oliveira, Castro Neves e Pinto de Sousa, o editorialista Pedro Tadeu, escreve que a sentença de Gondomar será a “provável condenação da maioria dos arguidos”.

Provável significa a dúvida que a primeira página não suporta, como verdade, verdade, verdade, mas apenas como hipótese. Uma notícia deste calibre, deveria ser apresentada como hipótese e não como certeza da verdade, verdade, verdade.

Pedro Tadeu, se foi ele a escrever o título é um mentiroso e esta é que será a verdade, verdade, verdade. Que para Pedro Tadeu, neste como noutros casos ( envelope novem, por exemplo) , vale geralmente um tostão furado.

Outro pormenor que não passa do anedótico, mas sustenta uma perplexidade:

Na notícia de primeira página, a palavra “réus”, escreve-se para designar os arguidos em julgamento. Vinte anos depois do Código de Processo Penal ter introduzido a modificação designativa, para o titulador do jornal, ainda vale o mesmo substabtivo antigo e vindo de 1929: Réu, ficou na mentalidade particular como a designação exacta de quem responde em julgamento por crimes acusados.

É deste tipo de jornalismo, desta exactidão e rigor que vive o 24 Horas, em muitas notícias que vou lendo, todos os dias.


E um último, como epílogo deste Apito Dourado:

Para resultados destes, não vale a pena fazer investigação criminal. Ocupar milhares de horas, em trabalho de investigação mal feita, de resultados temerários e com objectivos indefinidos. Não vale a pena olhar para o que se passou de grave, neste processo de enormidade mastodôntica, e relembrar as carências de meios de quem investigou, de quem preparou o julgamento, de quem sofreu consequências profissionais graves por causa disto ( Os investigadores da PJ, Teófilo Santiago e P. Massano, por exemplo). Não vale a pena relembrar que o magistrado do MP encarregado do processo, no início esteve completamente sozinho na orientação da investigação, por omissão, então e nesse tempo já recuado, de quem de direito.

Importaria agora fazer um balanço geral deste processo e das implicações que teve e continuará a ter na vida pública portuguesa.

Este processo merecia um livro. De tomo. Haja quem o escreva. Estou tentado, mas não tenho tempo.




Publicado por josé 12:45:00 7 comentários  



Este não é o meu ministro

O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, legitimamente preocupado com as consequências do fim de segredo de justiça, em processos em fase de Inquérito complexo, como é o relativo à chamada “operação Furacão”, disse publicamente, o seguinte:

"Isto é um caso de grande gravidade. Quando o Código do Processo Penal foi feito deviam ter previsto os casos de grande complexidade e não estão previstos. Ou melhor, estão previstos em moldes que não resolvem o problema".

O ministro da Justiça, hoje mesmo, já desvalorizou estas preocupações, recusou a alteração pontual à lei processual penal e voltou a responsabilizar os magistrados do MP, pela investigação que deverá completar-se dentro dos prazos fixados legalmente para o efeito.

O procurador-geral da República, ontem, nas tv´s e rádios, declarou singelamente que a responsabilidade pelo fracasso das investigações penais, em consequência destas alterações legislativas, ao código de processo penal, devem ser assacadas aos poderes executivo e legislativo, porque é desses poderes que depende a resolução do problema que eles mesmos criaram.
Com efeito. E isto deveria ser notícia, de impacto suficientemente grave, para lograr alterar um pouco, o aparente autismo e auto-suficiência de um ministro da Justiça que recusa apreciar o grave problema que surgirá dentro de breves semanas ou meses, no âmbito da investigação em curso.
Que espera o ministro, para agir? Uma demissão em bloco, dos magistrados do DCIAP? Uma demissão do PGR?
A pouca-vergonha deve ter limites, mesmo para este ministro que já deu provas sobejas da que lhe falta.

O problema enuncia-se deste modo, para que todos percebam e retirado daqui:

O art. 276º CPP, na redacção introduzida pela Lei n.º 48/2007, de 29 de Agosto, estabelece que o Ministério Público encerra o inquérito, arquivando-o ou deduzindo acusação, nos prazos máximos de seis meses, se houver arguidos presos ou sob obrigação de permanência na habitação, ou de oito meses, se os não houver, sendo que o referido prazo de 6 meses é elevado, consoante o caso:
a) Para 8 meses, quando o inquérito tiver por objecto um dos crimes referidos no n.º 2 do artigo 215º;
b) Para 10 meses, quando, independentemente do tipo de crime, o procedimento se revelar de excepcional complexidade, nos termos da parte final do n.º 3 do artigo 215º;
c) Para 12 meses, nos casos referidos no n.º 3 do artigo 215º.
Por outro lado, ainda de acordo com o n.º 3 do mesmo preceito legal, para efeito da contagem dos prazos referidos, o prazo conta-se a partir do momento em que o inquérito tiver passado a correr contra pessoa determinada ou em que se tiver verificado a constituição de arguido.
Por outro lado, há ainda a considerar o disposto no n.º 6 do art. 89º CPP, que estabelece que «findos os prazos previstos no artigo 276º, o arguido, o assistente e o ofendido podem consultar todos os elementos de processo que se encontre em segredo de justiça, salvo se o juiz de instrução determinar, a requerimento do Ministério Público, que o acesso aos autos seja adiado por um período máximo de três meses, o qual pode ser prorrogado, por uma só vez, quando estiver em causa a criminalidade a que se referem as alíneas i) a m) do artigo 1º, e por um prazo objectivamente indispensável à conclusão da investigação».

Agora, depois de Setembro de 2007, com as alterações decorrentes do abalo da Casa Pia, o processo penal é, a todo o tempo e sob pena de nulidade, público ( com as excepções previstas na lei ), nos termos do artigo 86º nº 1 do CPP.
Daí o problema que se coloca com premência alarmante.


Antes de Setembro de 2007, foram várias as pessoas e entidades que se pronunciaram relativamente ao perigo iminente de medidas deste teor, para o sucesso de investigações que exigem mesmo segredo de justiça, para se conseguir fazer algo que se veja.

A Operação Furacão, é uma delas e o ministro não quer saber dos riscos, endossando a responsabilidade pelos falhanços eventuais, para o MP e investigadores.

A denúncia pública do PGR, vai cair novamente em saco-roto, como caiu, em Setembro de 2007, apesar dos avisos da directora do DCIAP e do próprio PGR, oportunamente manifestados em público e com destaque mediátio? Aquela, numa entrevista ao Público/Rádio Renascença, antes da entrada em vigor do CPP, pronunciou-se de modo claro e inequívoco:
Pergunta dos jornalistas : “Qual é a consequência da publicidade para os inquéritos?”
Resposta de Cândida de Almeida: “Na pequena criminalidade não há problema. Ofensas corporais não exigem segredos de justiça, um acidente de viação, um cheque sem cobertura, também não. Mas na criminalidade organizada e violenta, não é possível cumprir esses prazos que são demasiado curtos.”
Pergunta dos jornalistas: “Portanto na sua opinião, a publicidade vai comprometer as investigações?”
Resposta de Cândida de Almeida: “Acho que sim, […] as perícias têm que ser feitas são extraordinariamente complexas e morosas. Facilmente estes prazos se esgotam.”

Perante estas denúncias, oportunas, tempestivas e pertinentes, o Governo, o PS ( e o PSD) e o ministro da Justiça, avançaram temerariamente, com a revisão do código. Agora, temos a denúncia concreta de um perigo anunciado.

Veremos, como é que tal vai suceder, mas pode ficar tranquilo o ministro da Justiça que desta vez, não vai contar com o silêncio cúmplice dos media.
Não vai ser possível e quem vai pagar a conta, desta vez, vai ser mesmo o ministro. Ainda vai escrever novo livro, com o título improvável: "Este não é o meu MP".

Vai uma aposta?

Publicado por josé 15:02:00 6 comentários  



Similis?

Há uns dias, numa reunião em Cortes, Leiria, O Bastonário da Ordem dos advogados, Marinho e Pinto, disse várias coisas sobre os juízes. A revista digital InVerbis, citou-o:

"Em muitos, o “que lhe falta em maturidade sobra-lhes em autoridade”, afirmou o bastonário, que acusa os magistrados de se comportarem como os agentes da “PIDE/DGS nos últimos tempos da ditadura”. “Não é nas leis que está o mal da administração da justiça” mas sim em quem as interpreta, defendeu. “Um bom magistrado faz boa Justiça mesmo com más leis e até sem ela” mas “com maus magistrados nunca se fará boa Justiça nem com leis divinas”, salientou Marinho e Pinto. "

Hoje ( ontem), o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, quarta figura institucional do Estado e por inerência presidente do CSM, órgão de gestão dos juízes, respondeu-lhe:

"Os últimos tempos têm assistido a afirmações inqualificáveis acerca dos juízes portugueses provindas de quem, afinal está demonstrando uma evidente falta de cultura que se suporia existir em quem é investido ou eleito em determinados cargos; porque cultura, na senda da velha tradição francesa, é aquilo que fica depois de se ter esquecido o que se aprendeu.

Um provérbio popular muito antigo diz que "tudo o que é demais é moléstia"; o que quer dizer que quando a moléstia se instala ela tem que ser debelada com firmeza por um aparelho imunitário são, sob pena de potenciar a decomposição do paciente."

Os mimos são de tomo, de ambos os lados: para o bastonário os juízes ( e magistrados em geral) , abusam da autoridade. Para a quarta figura do Estado, o bastonário é uma moléstia, em si mesmo. E um inculto. Se lhe tivesse chamado burgesso, os colegas, eventualmente, teriam que o julgar por ofensa à honra. E contudo, o significado do dicionário não engana: ignorante, grosseiro. O mesmo que...inculto.

quem aplauda. Francamente. Quarta figura do Estado, assim?

Publicado por josé 00:44:00 2 comentários  



Os obituários da Ana Gomes

Do Causa Nossa e da autoria de Ana Gomes:


Passo em revista as horas que passamos no meu gabinete do PS no Rato a trabalhar em textos e a discutir o Iraque, o Afeganistão, a Constituição para a Europa, o dia-a-dia da desgovernação PSD-PP, a Casa Pia e tudo o mais. Decerto deixando a arder orelhas barroselas e outras que tal (inclusive de gente do PS) que se havia passado para o "in", mandando princípios e decência às urtigas...


A Ilda que comigo e outros viveu no PS-Rato os horrores do golpe Casa Pia contra a direcção Ferro Rodrigues-Paulo Pedroso. Que comigo partilhava a indignação e muitas desconfianças sobre quem estaria por detrás dessa abjecta urdidura, que instrumentalizava o sofrimento de gerações das mais desvalidas crianças que o Estado descurara

Ana Gomes, na causa dela, continua a dar-lhe, estugada e com a burra a fugir cada vez mais depressa.
Em dois obituários, recentes, retoma a tese prosaica da urdidura que prefere à mais sofisticada da cabala, no caso Casa Pia e por causa do PS.

O que a mesma escreve, nesses dois obituários, sobre o ambiente que se vivia na sede do PS, no largo do Rato, ao tempo em que Ferro Rodrigues se viu acossado pelo escândalo Casa Pia, é exemplar a vários títulos. E explica o maior escândalo da democracia portuguesa dos últimos trinta anos: o acolhimento como herói e preso político, nas escadarias da AR pelos seus correligionários, de um deputado preso por suspeita de abuso sexual de menores.

Em primeiro lugar, é exemplar, do modo como o partido Socialista, oficiosamente e em peso, lidou na altura, com o escândalo que envolveu ( e continua a envolver , é bom que se diga, porque os ofendidos não se calaram em julgamento que decorre), alguns dos seus lídimos representantes.
Pelos vistos e segundo confissão expressa da lutadora da causa, o ambiente era de facas longas e de reuniões e briefings de emergência, em estado de sítio, sempre no pressuposto de que havia uma cabala em andamento, com propósitos bem definidos e concretos: decapitar a direcção do PS de então. Ferro Rodrigues, em primeiro lugar, passando pelo lugar tenente a quem a lutadora da causa, profetizou e augurou um futuro radioso como primeiro-ministro do Governo de Portugal!
Em segundo lugar, uma óbvia e despudorada acusação, gravíssima, a instituições oficiais do Estado e a outros partidos e pessoas, que no entender da mesma, agiram em completa manipulação de provas, objectivos e desígnios. PGR, PJ, Barroso, Paulo Portas, governo de então, tudo são alvos a abater nessa descabelada acusação de gravidade imensa e que tem passado completamente impune, continuando a mesma a vituperar abertamente os mesmos e a desconsiderar completamente a opinião de membros do seu próprio partido. De nada lhe adianta saber que Rui Pereira, por mais de uma vez, desmentiu a tese e hipótese de cabala ou urdidura. Rui Pereira, sabe porque esteve no SIS, na altura em que esta entidade fez um levantamento do problema da pedofilia, em Portugal.
Em terceiro lugar, as figuras públicas que a lutadora da causa, anda a fazer, repetidamente, com estas acusações insensatas e sectárias até mais não, denotam que o PS, do lado onde se encontra, ainda não desistiu de fazer pagar com língua de palmo, se preciso for, quem organizou imaginariamente, a urdidura.
Temo-lo visto nas alterações legislativas à medida e temo-lo visto, nas movimentações para lugar de relvo político de figuras, sombreadas pelo escândalo.
O escândalo sexual, para Ana Gomes, é apenas e tão só, político.

Assim, tendo o PS de Ana Gomes, assumido o escândalo da Casa Pia, apenas como um facto político, sem atender a qualquer factor de credibilidade que as instituições judiciárias lhe deram, essa circunstância assume foros de escândalo maior do que jamais o seria, na proporção exacta dos factos revelados pelas vítimas e aceites como válidos pelos investigadores e magistrados. E assume, porque politicamente o que parece, é. E não devia parecer o que é...

A completa distorção das funções do poder judicial, na vertente alargada ao Ministério Público, aqui, sem função jurisdicional, que aquela tem vindo a fazer, merecia uma tomada de posição pública do PGR ou uma queixa-crime por ofensa a pessoa colectiva, da PJ ou da PGR, para se dilucidar de uma vez por todas a existência da urdidura imaginada e propalada.

Ana Gomes, não é apenas uma blogger. Foi, é e continua a ser, uma apaniguada do partido actualmente do poder, a quem deve o lugar de deputada na Europa.

Só isso. Pedir maior sensatez, talvez seja pedir demais.

Publicado por josé 13:05:00 2 comentários  



Uma capa de revista

A revista The New Yorker, é uma espécie de magazine literariamente cultural, com artigos de opinião, reportagens de circunstância mediática e pequenos apontamentos desenhados em forma de cartoons.
Quem quiser conhecer a história da revista, com dezenas de anos, pode até comprar uma colecção de oito dvd´s, com todas as páginas da revista, incluindo os anúncios, desde o número Um , de 21 de Fevereiro de 1925.

O número desta semana, no entanto, está a causar escândalo, pelos motivos desenhados que aparecem na capa que acima se pode ver.

Até o McCain, entendeu que a revista passou as marcas da decência. A revista, defende-se com o direito a uma expressão de liberdade informativa e de retrato opinativo.

O editorialista José Manuel Fernandes do Público, entende que esta capa é um sinal da vitalidade da democracia americana, pelo reforço de liberdade de expressão que exala.

Para os cínicos, pretende apenas vender mais do que vende. Estou entre estes e tenho a colecção dos tais dvd´s.

Publicado por josé 23:15:00 3 comentários  



Queixas, há muitas!

Do Correio da Manhã de ontem e para que conste:

Publicado por josé 01:24:00 9 comentários  



Entretanto, o País continua...

Tentou balear vizinho por «cismar» que este estava a sodomizar o seu gato

Um indivíduo que disparou sobre os vizinhos por acreditar que um deles, homossexual, estaria a sodomizar o seu gato, não conseguiu justificar, esta segunda-feira no Tribunal de São João Novo, no Porto, a razão dos seus actos desculpando-se com «uma fúria» que sentiu, noticia a agência Lusa.

«Não sei o que me deu, cismei para ali», foi a explicação de José C., de 54 anos, perante as questões do juiz, que tentava perceber a relação entre a opção sexual de uma das vítimas e o motivo dos disparos que terão atingido, acidentalmente, uma vizinha.

José C., acusado de dois crimes de homicídio qualificado na forma tentada, terá disparado sobre o vizinho, que havia resgatado o animal que tinha fugido. «Estava a fazer mal ao meu gato», relatou o arguido.

(...)

Pedro Simões, inspector da PJ, contou, citado pela Lusa, que «o sujeito teria tentado resgatar o gato de José C. e este terá interpretado mal essa ajuda pela sua orientação sexual».

«Ouviu o gato a miar e um senhor a tirá-lo de um saco e pensou que estaria a sodomizá-lo», explicou Fernando Mendes, sub-chefe da PSP, também citado pela agência noticiosa, depois de admitir que o arguido estaria embriagado «pelo hálito e pelo discurso».

Publicado por Carlos 19:42:00 6 comentários  



Hoje é dia de trabalho

Publicado por Carlos 00:56:00 0 comentários  



Um doce

Publicado por Carlos 01:21:00 1 comentários  



Mistérios da credibilidade


O Diário de Notícias de hoje ( notícia aqui, via In Verbis) , publica uma reportagem, com chamada destacada, na primeira página, sobre escutas e vigilância ilegal, supostamente realizada por um departamento da Polícia Judiciária.


O assunto, demasiado grave, assume contornos ainda mais misteriosos depois da negação peremptória dessa notícia, que o director nacional e um sub-director da PJ, fizeram, hoje de manhã, anunciando a instauração de um processo crime ao jornal e autor da notícia.

Pode dizer-se: é o mínimo, perante esta enormidade de escândalo que se anuncia.

E no entanto, o jornalista do DN, ouviu pelo menos uma fonte, da PJ, que citou outras fontes, também daquela polícia e que assumem o teor da notícia e a existência de encomendas, por quem tem poder para tal, no sentido da vigilância ilegal, ilegítima e criminosa, no fim de contas.


O modo como o jornal conta os pormenores rocambolescos do encontro com o "arrependido", da PJ, merecem destaque:


"À entrada do restaurante a fonte do DN olhou em volta e escolheu a mesa mais próxima da televisão. Pensamos nas notícias que lhe pudessem interessar. Porém, explicou tratar-se do lugar mais seguro para evitar que a conversa fosse escutada. Entretanto, percebemos que a nossa volta em redor do edifício, antes de entrarmos, servira para verificar se por ali estaria estacionada alguma viatura suspeita. Todos os cuidados são poucos. Aconteceu ali a conversa com alguém conhecedor dos fantasmas que, por vezes, provocam “barulhinhos” nos telemóveis. Os tais “barulhinhos” denunciados pelo Procurador-Geral da República, mas que acabaram em águas de bacalhau. Mas que existem…Segundo a nossa fonte, os meios de espionagem do Departamento Central de Prevenção e Apoio Tecnológico (DCPAT), a “secreta” da Policia Judiciária (PJ), são muitos e sofisticados.A “mala”, com capacidade para interceptar comunicações, consegue, por exemplo, registar os números e IMEI (número de série) dos telemóveis que se encontrem ligados num raio demais ou menos 100 metros. Aquele sistema encontra-se colocado numa viatura estrategicamente estacionada e, desde aí, os agentes podem, depois, escutar as conversas em tempo real. Tudo isto sem que as operadoras de telemóvel tomem conhecimento, e sem mandado judicial.Como apoio de uma viatura no exterior, o DCPAT tem também a capacidade de acompanhar em directo, por áudio e vídeo, a conversa entre um agente e um suspeito. A micro câmara é colocada, por exemplo, na gravata. Está igualmente apetrechado para anular a rede de telemóvel num determinado local. Isto impede, por exemplo, o accionamento de uma bomba por telefone.Estes meios, e muitos outros são usados, por vezes, à margem da lei. Os agentes nunca aparecem, para não terem de ser mudados. Mesmo se a missão é legal, no âmbito de uma investigação, os relatórios são assinados pelos inspectores encarregues do caso, assumindo-os perante o tribunal, como se tivessem sido eles a realizar as diligências. Ou seja, testemunham falso. Toda a gente sabe. "

Evidentemente, as suspeitas, como se pode ver, fundadas, no sentido de existência de algo anormal, recaem sobre pessoal da polícia que tem por objectivo recolher informação, sob um comando.


Esse comando, tem nomes de responsáveis directos, aliás indicados na notícia: João Carreira e Sá Teixeira.


É a honra profissional deles que fica em causa, com esta notícia do DN. Presumem-se inocentes, como todo o acusado sem provas declaradas válidas, por um tribunal.


Para nosso bem, esperamos que sejam verdadeiramente inocentes e sem mácula deste jaez. A dúvida, porém, já foi instalada e importa esclarecer tudo e no mais curto espaço de tempo possível.


Como? Não será certamente nos processos crime anunciados. Será efectivamente, através do apuramente da credibilidade que merece a notícia publicada, nomeadamente da sua fonte ou fontes directas. Nenhum jornalista está livre de acreditar num paranóico ou perturbado mental, decidido a contar histórias mirabolantes. Nenhum está livre de ser manipulado por um transviado do dever que decide trair uma instituição por motivos dúbios ou mesmo aceitáveis.


Mas todo o jornalista está obrigado a saber distinguir a verdade, de uma manipulação, através de perícia profissional de quem está habituado a sentir o feeling de verdade numa notícia.


Um denunciante deste calibre, só pode e tem de ser visto e ouvido como um autêntico "whistle blower", figura grada dos americanos e que por cá, se costuma apelidar de bufo, cobarde e outros epítetos reservados aos anónimos preocupados com o bem estar geral e comum.


E é isso que não sabemos da notícia do DN. Não podemos aferir a credibilidade da fonte do jornalista, porque não podemos saber se merece mesmo credibilidade. Saberá o jornalista ao menos, como parece indicar?


No jornalismo português, ao contrário de um certo jornalismo americano, com base nos Washington Post e New Yor Times, uma notícia destas, só sairia, com grande base de sustentação em factos recolhidos e aceites pela direcção do jornal como válidos. O exemplo, reside no caso Watergate e no que ele ensina ao jornalismo em geral.


O Diário de Notícias português merece a mesma credibilidade, num caso como este?


Tenho dúvidas. Sérias dúvidas, perante o modo como o jornal actuou em outros casos menores. E tenho dúvidas que a direcção do jornal tenha bem presente a gravidade e implicação séria do que acaba de publicar.


Assim, o que resulta da notícia do DN e do desmentido da direcção nacionald a PJ, é um enorme vazio de credibilidade indiscutível, que atinge tanto um como outro campo. No jornalismo, não podemos confiar cegamente em quem nos pode já ter iludido ou em quem não se assegurou previamente da gravidade de uma denúncia destas, recolhendo provas para além da mera denúncia de um qualquer arrependido feito "garganta funda".


Na PJ, não poderemos acreditar também, cega e piamente, porque estas coisas não se podem desmentir assim. Pode apenas desmentir-se que a PJ enquanto instituição, não pactua nem pode pactuar com estes métodos, ilegais e criminosos. Foi esse o sentido do desmentido, mas não é esse o motico da preocupação pública que já não é nova e até entidades oficias, o tem insinuado.


No entanto, nunca uma instituição, pode garantir que um ou outro dos seus membros, se tiver tempo, oportunidade e motivo para tal, não venha a cometer ilícitos dentro dos mesmos muros que albergam a direcção nacional da polícia. Como aliás, se comprovou recentemente, com a detecção de acções deste género, da responsabilidade de um agente.


Para a descoberta deste mistério, num sentido ou noutro, ou seja, para se saber, com saber certo, se alguém andou a pisar o risco da legalidade, só mesmo um Sherlock Holmes.


Ou um Columbo...


O que é dramático.



Publicado por josé 13:30:00 5 comentários  



A sombra do passado

Em dois blogs, o Portugal Contemporêneo e o Dragoscópio, escreve-se e discute-se, o nosso passado recente, com mais de trinta anos.

As figuras de Marcelo Caetano e as ideias sobre um Portugal escondido, nas sombras da memória, fazem figura de relevo, nessa discussão.
Numa altura em que a Assembleia da República, no lado esquerdo do hemiciclo, se discutiu a oportunidade e sentido na criação de um Museu Salazar, na sua terra natal, Vimieiro, Santa Comba Dão, Vasco Pulido Valente, na sua crónica de hoje no Público, desvaloriza o fenómeno e recondu-lo ao lugar de fait-divers, politicamente neutro e de efeito topologicamente turístico.

Mesmo assim, importa perceber um pouco mais, a razão de tudo isso e analisar o que foi escrito há um pouco mais de trinta anos, sobre aqueles que não seguiam a cartilha marxista nem se conformavam com a deriva a que tal poderia conduzir o país.

No blog, Daloja, escreve-se um pouco mais, para ilustrar esta foto de revista de época ( Flama, Junho de 1974):








Publicado por josé 23:44:00 5 comentários  



Ingrid Betancourt libertada


Apesar dos aumentos do petróleo, dos solavancos na construção europeia e do clima de incerteza que paira pelo Mundo, de vez em quando somos brindados com notícias destas:

Ingrid Betancourt, franco-colombiana, ex-candidata presidencial, foi resgatada pelo governo colombiano do cativeiro onde se mantinha, há seis anos, presa pelos guerrilheiros marxistas das FARC.

Já falámos, por duas vezes, nesta Loja, do exemplo inspirador de Ingrid. A notícia de que está, finalmente, livre é um daqueles momentos que nos fazem, apesar de tudo, acreditar que, por vezes, as coisas podem terminar bem.

Publicado por André 02:00:00 10 comentários  



O blog dos milagres

Vital Moreira, não acredita no milagre de Vitorino de Piães.

É estranho. Um indivíduo que acreditou em milagre fantásticos, como o dos amanhãs a cantar e continua a acreditar no milagre vivo que é o da Esquerda se identificar plenamente com este Governo, deveria aceitar pacificamente a transformação física de uma pessoa, em função da sua mudança de atitude mental...

Sempre é um milagre mais plausível do que todos aqueles em que dá mostras de acreditar piamente.

Publicado por josé 21:12:00 9 comentários  



A caminho de 4 de Novembro (IV)

Mais estados relevantes:

FLORIDA
-- Obama 46
-- McCain 44
(fonte: PPP)

NEW HAMPSHIRE
-- Obama 50
-- McCain 39
(fonte: Rasmussen Reports)

NOVO MÉXICO
-- Obama 49
-- McCain 46
(fonte: SurveyUSA)

NEVADA
-- McCain 44
-- Obama 42
(fonte: Mason-Dixon)

WISCONSIN
-- Obama 52
-- McCain 39
(fonte: Quinnipiac/Wall Street Journal/Washington Post)

Publicado por André 19:19:00 2 comentários  



Os bombeiros da Justiça

Helena Matos, na sua crónica de página inteira, hoje no Público, dedica-se a paralelos. Entre o futebol e os juízes dos tribunais. De futebol, declaradamente, não percebe nada, nem quer perceber, segundo afirma. De juízes, vai pelo mesmo caminho, mas não o proclama.
É legítima então, a pergunta: então, se pouco ou nada percebe, porque não se cala e deixa ouvir quem perceba um pouco mais?

Criticando a decisão dos magistrados, advogados e funcionários do tribunal de Santa Maria da Feira, elenca as suas razões, num paralelo com o vencedor, campeão europeu, firmadas na noção de dever cumprido e a cumprir. E escreve:

Onde pára o brio e o sentido do dever dos detentores de poderes tão inalienáveis do Estado como a justiça e a segurança? Por exemplo, qual é a noção de dever dos juízes que se auto-suspenderam no Tribunal de Santa Maria da Feira? Mesmo deixando de lado que ninguém naquela profusão de togas e saberes tivesse sido capaz de investigar o nebuloso processo que levou à construção do tribunal- o tal que ameaça ruína apesar de nem contar 30 anos- é preciso ter uma noção muito autista do que é a justiça e nunca ter ouvido a palavra dever para achar que perante um caso de agressão a juízes, a melhor solução é suspender o funcionamento do tribunal.”

Comentemos, pois.

O brio e sentido de dever dos “operadores judiciários” ( noção operativa engendrada pelo actual poder político, para designar os elementos que compõem o poder judicial e ainda aqueles que lhes estão próximos nas funções que exercem), mede-se pela capacidade de resistência às adversidades, segundo se deixa adivinhar.

Portanto, esses operadores distintos e representados pelos juízes, titulares do poder soberano de aplicação da Justiça, devem aguentar todos os reveses pessoais, profissionais, logísticos, organizacionais, institucionais e o mais que se possa imaginar, em nome da sacrossanta ideia de “justiça e segurança”. Ideia platónica, de subida evanescência, e que encontra o elemento catalizador, sempre que é operativo arremessá-la, aos relapsos e preguiçosos da função.

A acusação nem é original. Já vem do discurso de tomada de posse deste Governo, pelo menos. E tem sido seguida religiosamente, pelos acólitos deste poder que oficia em paralelo, para o bem comum.
Assim, um juiz, não é apenas titular de um órgão de soberania do Estado, inteiramente dependente desse Estado, para todas as condições ao exercício logístico da sua função.

É também e sobretudo, para certos articulistas, um oficiante, quiçá sacerdote, da deusa Justitiae, vinda da antiguidade clássica das sombras cavernosas.
Logo, todo o esforço lhe será exigido, nenhum sacrifício lhe será perdoado e nenhuma debilidade lhe será aceite. Os juízes são escravos da Justitiae, logo os seus direitos estão severamente diminuídos.
As condições de trabalho, mínimas que sejam, essas importam nada, perante a noção de dever oficiante, para os que os fustigam.

A dignificação e garantia de independência, para os mesmos, decorre do abstracto do dever e do concreto devir.

Julgar ao ar-livre, numa estrebaria, tasca ou num salão nobre, comunga da mesma obrigação que abstrai do ritual e da composição ambiente: estar presente e aguentar o sítio, o cheiro, o barulho, a balbúrdia, a turba-multa em fúria ou em apoteose, é sempre o dever que se impõe, ao julgador.

Tal como aos bombeiros, soldados da paz, também aos juízes se exige o esforço do impossível e a exigência do imponderável.
Aos bombeiros, equipados a rigor, exige-se-lhes a obrigação de apagar as chamas. Aos juízes, de beca vestida, o dever de julgarem os estragos e responsabilizarem os autores. Debaixo do mesmo fogo.
Ai, Helena, Helena...

Publicado por josé 15:21:00 2 comentários  



Os blogs removíveis

Um blog,- povoaonline.blogspot.com, ( aqui, ainda em cache no Google) -alojado no Blogger, foi "removido", por decisão de um tribunal cível de Lisboa que para tal notificou a Google.

Os fundamentos da decisão, ironicamente, podem ser lidos num outro blog, -povoaoffline.blogspot.com -criado para substituir aquele.

O que esta decisão, algo insólita, de um tribunal cível português, permite comentar, além do mais, é o seguinte:

Em primeiro lugar a inutilidade de uma medida deste género, cautelar ainda por cima e a que se seguirá obrigatoriamente, a acção cível ( e não penal, como já li por aí no blog da causa), tendo em conta a facilidade de criação de blogs deste género, animados por quem quiser, numa liberdade quase absoluta de expressão.
Sendo discutível a validade intrínseca deste género de blogs ( em Braga, há pouco mais de um ano, havia um, ainda mais ácido e com um objectivo de civismo um tanto ou quando duvidoso: dedicado à Câmara municipal local e ao seu presidente de décadas de poder), também será inútil tentar travar por via judicial, a necessidade estrita de algumas pessoas, em escrever e anunciar os gritos de revolta pelo que vêem à sua volta e que aliás todos vêem, mas preferem fazer de conta que não vêem.
O direito à indignação, por vezes, surge em manifesto de blogs, assim organizados anonimamente . Alguns, chamam-lhes cobardes. Mas esquecem a coragem de quem ,sabendo de desmandos no governo da coisa pública, preferem calar a denunciar.

Por outro lado, merece ainda uma nota, o facto de este género de blogs, fazerem o papel dos antigos "pasquins", em modo de panfleto escrito ou até em modo oral, de voz disfarçada e que nas aldeias antigas, serviam para divulgar pela calada da noite, em modo anónimo, os escândalos que todos conheciam mas ninguém se atrevia a enunciar publicamente.

Atingindo indubitavelmente a consideração alheia, denotam também uma impunidade reinante. Não a que se prende com a responsabilização dos seus autores anónimos,mas de um modo mais subtil e evidente, a que se mostra a todos e que passa pela impossibilidade de os poderes públicos, moralizarem a vida política, pública, em certos lugares.

Os tribunais, cada vez mais, não servem para esse efeito. A prova simples e directa, reside na pequeníssima quantidade de corruptos julgados e condenados.
Por outro lado, a sociedade de outras instituições, mormente as políticas, tudo parecem fazer para escamotear e abafar as situações conhecidas, publicamente escandalosas e que deveriam fazer soar todas as campainhas de alarme público.

Na ausência de moralização, e perante a evidência de completa ausência de eficácia dos poderes públicos, alguns optam pela via dos blogs anónimos, para tentar equilibrar os pratos da justiça social.

Não os aplaudo em pé e publicamente. Mas também não serei eu quem lhes atira pedras.

Publicado por josé 00:38:00 3 comentários