C de Calinada

O sr. Presidente da República, a fazer fé nos jornais, depois de regressado de uma ex-colónia, em 'estado de choque' com a 'violência' nas escolas, chamou, ou vai chamar, o sr. Procurador Geral, para uma conversa de pé de orelha. Entretanto, o mesmo PGR, sorridente e babado, pôs-se - durante o fim de semana - em bicos de pés, puxando dos galões por, há uma série de meses ter falado na violência nas escolas como uma área de intervenção prioritária da... PGR.

Infelizmente nem Cavaco, nem o tal senhor sorridente, do Palácio de Palmela, perceberam ainda a dimensão - real e verdadeira do problema. Em 99,9% dos casos não é um caso de polícia, ou - sequer de associação criminosa, ponto. São somente casos gritantes de falta de educação, civismo, valores e princípios, que os jovens não recebem em casas das famílias, e que a escola - e a classe docente - não sabe, e não está preparada - e vocacionada - para dar.

Ao fazer a figura que fez - avalizando a vaidade fútil de um PGR que pura e simplesmente não percebe qual o papel de uma magistratura e de um Ministério Público - Cavaco demonstra que pelo menos numa área - nos últimos 25 anos não apreendeu, nem evoluiu rigorosamente nada - A educação foi a sua mancha original no cavaquismo, e continua a sê-lo - agora. Mais, a prazo, Cavaco só contribui - en passant - para a degradação da imagem que a sociedade tem na Justiça -
ao assacar a esta uma responsabilidade que é - para variar - de facto impossível de cumprir.

Pior, adia uma reflexão séria e urgente - sobre este modelo de sociedade, e de família, que (não) educa os alunos que temos, alimentando a ilusão de que tudo não passam de meros casos de polícia, quando muitas vezes - por absoluta (in)acção e omissão os responsáveis primeiros são os pais, que pura e simplesmente se demitem das suas funções e aqueles que modelam um sistema educativo, o qual - pura e simplesmente - não esta adaptado àquilo que é a realidade dos dias de hoje...

Publicado por Manuel 11:21:00 6 comentários  



Djavan -- boas vibrações para começar a semana

Publicado por André 23:27:00 0 comentários  



As influências

No Correio da Manhã de hoje, Marinho e Pinto, volta à carga pesada das acusações sobre tráfico de influências nas altas esferas políticas e desmandos nas consultadoria dos pareceres, a pedido governamental.
Sobre este fenómeno, não tem dúvidas em afirmar que tem informações de que "o Estado paga dos honorários mais caros do mundo". E como advogado, continua a querer saber "com quem é que [o Estado] gasta isso [os duzentos a trezentos milhões de euros em assessorias, anualmente gasto] e como é que gasta."
Límpido, claro e absolutamente correcto e legítimo. Mesmo assim, completamente ignorado pelo poder central do governo que continua a fazer ouvidos moucos às palavras certas do Bastonário, desvalorizando-as como se viessem de um palerma qualquer dos blogs, tipo queijo ou coisa assim.

No Público de hoje, sobre o mesmo assunto, numa entrevista interessante, um líder -sombra do PSD, António Borges, ex-vice-presidente da prestigiada Goldman-Sachs, noticia uma coisa que merece reflexão séria:
"Em 2005, fui ao Congresso do PSD e apresentei uma moção onde me disponibilizei para ajudar o PSD a ter uma posição mais activa em relação ao Governo. O congresso teve lugar nesse fim-de-semana e na segunda feira, logo pela manhã, fui ao gabinete do ministro Manuel Pinho ( o tal adepto dos sapatos italianos, numa exposição para promover o calçado nacional), que me comunicou que todos os contratos com a GS estavam cancelados a partir daquele momento."
A explicação do ministro? A de que "iriam renovar as equipas que trabalhavam para o governo."

A pergunta que se impõe, naturalmente, será: quem ficou no lugar da Goldman- Sachs?

António Vitorino, o advogado, dirigente do PS que, segundo a Visão desta semana, ainda há pouco tempo, era recebido todas as quintas-feiras, pelo primeiro-ministro, em consulta publicamente privada, será, provavelmente, um dos que poderá esclarecer. Como consultor privado do primeiro-ministro, tem o dever de dar contas públicas da consultadoria, para que todos percebam o sentido e alcance da prestação do serviço e, portanto, se recebe alguma coisa por isso, em género ou espécie, ou se é apenas por amizade filantrópica e desinteressada, para o bem comum e pro bono.
No fim de contas, estamos no domínio da coisa pública, mesmo que se entenda que a ética se define pela lei.

É disto que fala o Bastonário? Provavelmente e se tivesse tempo de ler a entrevista.
Será isto uma absoluta falta de vergonha? Absolutamente.
Será isto o indício de um crime continuado de tráfico de influências, previsto pelo actual Código Penal como um pouco mais grave do que a agressão física entre professores e alunos?
A isto, só outros poderão responder. Através de um Inquérito crime, para correr termos no DCIAP.
Mas com investigação a sério, sem ser a fazer de conta.

Publicado por josé 16:45:00 4 comentários  



Um novo projecto educativo

António Barreto, sociólogo, apresenta hoje no Público, na sua crónica semanal, um artigo notável, demolidor do nosso sistema de ensino e a propósito de um dos seus instrumentos legais, o actual Estatuto do Aluno. Uma lei deste ano e que substituiu uma outra, entendida ainda como mais celerada, pelo próprio instrumento legal que a substitui.

Em conclusão, escreve:

" O estatuto é a consequência de uma longa caminhada e será, de futuro, o responsável imediato pela impossibilidade de administrar a disciplina nas escolas. O estatuto não retira a autoridade às escolas ( aos professores, aos directores, aos conselhos escolares). Não! Apenas confirma o facto de já não terem e de assim perderem as veleidades de voltarem a ter. O processo educativo, essencialmente humano e pessoal, é transformado num processo "científico", "técnico", desumanizado, burocrático e administrativo que dissolve a autoridade e esbate as responsabilidades. Se for lido com atenção, este estatuto revela que a sua principal inspiração é a desconfiança dos professores. Quem fez este estatuto tinha uma única ideia na cabeça: é preciso defender os alunos dos professores que os podem agredir e oprimir. Mesmo que nada resolva, a sua revogação é um gesto de saúde mental pública."

A questão colocada nos termos sugeridos, aponta para um problema básico e essencial que ainda ninguém resolveu discutir publicamente: quem é que fez este Estatuto? Quer dizer, quem é que o redigiu, com base em que estudos e pareceres ou ideologia? De onde provém esta enormidade legislativa e quem é que a assinou, como autor directo?

Esmiuçando: de onde vêm estas ideias, que segundo António Barreto se resumem a uma só, a de proteger os alunos indefesos dos professores agressores naturais, num mundo de bons selvagens?
Cheira-me demasiado a história da carochinha, com recurso a imaginários de lobo-mau e contos infantis, mas todas as fábulas têm uma moral escondida ou óbvia. E esta, não é clara nos pressupostos e nas finalidades.
Por isso, importa, quanto antes determinar, individualizar e fulanizar os autores deste aborto legislativo e de consequências graves para a saúde pública. Mental, segundo o sociólogo.

Sabendo nós que todas as leis têm paternidade directa, individualizada por vezes no singular, importa que se conheça publicamente o autor do monstro, para que possa ser capado na capacidade de reprodução legiferante.
No fim de contas, é uma medida simples e fácil, de higienização da vida pública, tal como Barreto defende, sem subterfúgio retórico.

Por vezes, tenho aqui apontado a escrita para a responsabilização ideológica do ISCTE, no processo legiferantemente ideológico.
Reconheço como injusta, tal atribuição em modo de bode expiatório e vou arrepiar caminho.
O ISCTE nacional ( que não se confunde necessariamente com outro, de repercussão internacional e virado precisamente para a Educação), é um viveiro de sociólogos, alguns de grande pacotilha e que nunca produziram um estudo decente e que todos possam ler, sem abandonarem a leitura ao fim de meia dúzia de frases. Uma boa maioria das teses apresentadas por tais luminárias, destinam-se apenas a currículo incerto, para emprego certo em lugar de prestígio político.
Ainda sssim, não merece o opróbrio da responsabilização pelo actual estado do ensino público.
Os seus investigadores, não dedicam, aliás, grande tempo de estudo, aos problemas do ensino.

Mas, dos seus formandos, já não se pode dizer o mesmo. E será por aí que é preciso indagar, acerca das ideias peregrinas que nos conduziram à catástrofe. Em concreto: esta ministra, onde foi aprender as ideias que terá, sobre Educação? Foi no ISCTE ou nos seminários tipo mba, da pobreza intelectual e portanto de pacotilha, como outros que por lá passaram?

Que ideias proliferam no ministério da Educação, actual e passado, capazes de produzirem estes monstros legislativos, assim mesmo julgados pelas leis que os vêm substituir e em relação aos quais, não há discussão pública, pormenorizada, nos nomes e influências?

Os críticos do sistema, apontam geralmente para vítimas que se julgam sempre inocentes e até escrevem livros de crítica ao sistema que serviram e ajudaram a construir.
Roberto Carneiro, Marçal Grilo, Ana Benavente, Veiga Simão, devem ficar sempre com as culpas, desta desgraça colectiva?
Não terão as costas demasiado largas para tanto? Não fará um certo jeito, a alguns anónimos, celerados nas ideias e que logram sempre passá-las como moeda corrente e de alto valor fiduciário, para utilizar a imagem do cavaquismo pretendente?

Em resumo:
Como é que se gizam e organizam as leis de educação em Portugal? Quem as redige e quem as leva a aprovação ministerial? Houve comissões de redacção? Estudos prévios? Quem fez parte das mesmas e quem ainda faz?
No final, saber de onde provém as propostas concretas, nomeadamente se são originais ou copiadas de algum modelo estrangeiro ou esquecido em alguma tese peregrina de aluno pretencioso, talvez valesse a pena.

Mesmo sem esperar pelo estudo, certamente completo, abrangente e esgotante, que um tal Pedroso anda a fazer, por conta do Orçamento de todos nós.

Os jornais podiam fazer tal indagação. As revistas também. Mas não tenho esperança de maior, neste projecto educativo

Publicado por josé 15:02:00 7 comentários  



Definitivamente, a melhor cidade do Mundo

Publicado por André 02:33:00 0 comentários  



Observatório 2008: a mudança, com este tipo, parece mesmo possível...

Publicado por André 02:17:00 1 comentários  



O parlamento dos jovens

Segundo o Público:

Numa das reuniões do conselho executivo, a professora Adozinda Cruz confirmou que autorizou os alunos a manterem os telemóveis ligados, permitindo-lhes que ouvissem música. Patrícia terá extravasado a ordem atendendo uma chamada da mãe.

Segunda-feira, a professora vai regressar à escola e à turma do 9ºC que Patrícia frequentava. A turma é maioritariamente composta por alunos que foram transferidos das escolas do Cerco do Porto, de Custóias e do Colégio Universal, alguns deles por questões disciplinares.

Ainda segundo o jornal, "a docente do Porto fez queixa judicial contra toda a turma".

Ou seja, contra a menor de 15 anos, no MP do tribunal de Família e Menores e no DIAP, contra os maiores de 16 anos.

É lamentável que a docente pretenda judicializar o caso, tendo em atenção o contexto e os contornos da lei aplicável, seja a tutelar de menores, seja a do código Penal.


Tanto mais lamentável quanto a docente em causa, foi responsável pelo Parlamento europeu dos jovens.
Assim publicitado: "organiza todos os anos, eventos internacionais para pessoas de 25 países europeus, dando a um vasto grupo de jovens a oportunidade de falar em seu próprio nome."

Por isso é que o professor Charrua e o ex-presidente de Politécnico e de ESE, Valter Lemos, não andam muito longe destas faenas.

Nós é que andamos distraídos.

Publicado por josé 18:01:00 5 comentários  



As lágrimas de Leonor

Leonor Beleza, presidende de uma verdadeira fundação privada - a Fundação Champallimaud- foi convidade para um evento, por uma outra fundação, esta semi-privada -a Fundação Inês de Castro, uma parceria pública e privada, onde está presente um tal José Miguel Júdice, através da Quinta das Lágrimas, onde decorreu, aliás, o evento.
Numa conferência ontem realizada e publicitada pelo Público, Leonor Beleza, falou sobre um assunto que conhece bem, tendo, aliás, apelado à sua experiência como governante: a influência dos partidos de poder, na administração pública.
Leonor Beleza entende o fenómeno como um mal a combater, apresentando-se como combatente dessa luta, denunciando-o, segundo o Público, como reflexo de "um mundo ao contrário, com profissionais da política- sem experiência de vida nas empresas, no sector público ou na intervenção cívica- nos lugares de topo da administração pública."
Adiantou ainda que nos governos de coligação, em que participou, presencicou "acordos partidários de partilha do terreno da administração" e até "revoltas das bases partidárias e de quadros intermédios, as mais das vezes locais, porque não se procedia de acordo com os seus interesses."
Não sendo estes fenómenos, qualquer novidade ou até notícia requentada, resta saber que importância terão as denúncias públicas de Leonor Beleza, feitas num local de memórias funestas: a Quinta das Lágrimas, ligada a José Miguel Júdice.
Até poderíamos entrar pelo campo escorregadio da análise, simples e directa, do modo como José Miguel Júdice conseguiu tanto poder em Portugal, ao longo dos anos. Como é que um indivíduo que ao refazer a Quinta das Lágrimas, confessou em entrevista, ter gasto tudo o que tinha, enterrando-o no local e passados uns poucos anos, compra, recentemente, por uma dúzia de milhões de euros um Hotel no Porto. Isso depois de ter comprado outros, igualmente de monantes faraminosos. Fantástico sucesso empresarial que poucos se podem dar ao luxo de apresentar. Mas, sobre o assunto, não desviemos a conversa, até porque aparece já alguém por aí, a dizer que a inveja é o mal deste país...esquecendo de caminho, outros dois pecados capitais.
Portanto, nos lugares de topo da Administração Pública, estão comissários políticos e esse fenómeno repetido e normalizado, sempre incomodou a consciência cívica da actual filantropa.
Vejamos: os lugares cimeiros da Administração pública, são as direcções-gerais e ainda as direcções de serviços e outros, inventados pelos governos de bloco central ao longo destas três décadas.
Se o problema vem directamente do facto de os titulares nomeados pelos directórios partidário-governamentais, serem pessoas sem experiência de vida nas empresas, sector público ou intervenção cívica, subsiste outra questão ainda mais grave: quem é que vai, e como, para os directórios partidários que assumem o poder político?
São os que têm tal experiência? E onde a adquiriram? Nas universidades? Nos escritórios, geralmente de advocacia?
Tomemos o caso dos primeiros ministros que fomos tendo, ao longo dos anos. Algum deles preenche o requisito necessário da tal experiência redentora?
A questão, como é já notório, reconduz-nos a um problema bem mais interessante: como é que se formam elites, em Portugal? Nas universidades, apenas?
Na revista Visão, desta semana, há um artigo sobre António Vitorino. Escreve-se que é o mais influente apaniguado deste governo. Mais do que Jorge Coelho ( é o próprio quem o reconhece) e sem contar com o acólito Vital. Escreve-se mais e que até já era sabido: se António Vitorino quisesse, tinha sido ele o primeiro-ministro, em vez do actual, José Sócrates.
Podemos então concluir que a escolha deste primeiro-ministro, não foi por mérito próprio, exclusivo e naturalmente impositivo. Sócrates não ganhou o poder, porque assin quis em primeiro ligar, mas apenas porque os do grupo lho ofereceram.
Podemos mesmo concluir que existe no partido que apoia este governo, um grupo poderoso que poderá, por isso mesmo, destituir o actual primeiro-ministro, logo que tal se lhe afigure necessário ou conveniente.
Para perceber bem o país, o modo de governar, os reais beneficiários de algumas medidas deste governo e a explicação de algumas medidas governativas, será preciso incluir estes dados de análise.
Se um dos problemas do país, é efectivamente a enxúndia de quadros políticos que vindo das bases partidárias, querem as migalhas do poder de distribuir tachos, outro, porventura mais grave, é o das elites e do modo como se formam, ascendem politicamente e tomam as rédeas do poder.
E sobre isso, Leonor Beleza, aposto que sabe ainda mais do que sobre o fenómeno celerado. Mas sobre isso, não fala. Et pour cause.

Publicado por josé 11:50:00 3 comentários  



Canga em cima!

De repente, a Esquerda soft, tal como a conhecemos há longos anos, laxista nos costumes, condescendente com a indisciplina, tolerante ao vício da preguiça e deletéria nos modos, descobriu as delícias da autoridade. Para já, na escola. Daqui a pouco, esperemos, noutros lados, como por exemplo a rua e nos bairros de delinquência.

Como é típico dos neófitos e cristãos novos, quer toda a autoridade, já. Imediatamente e sem pensar duas vezes. Principalmente, no modo como se chegou até aqui e nas leis que sempre apoiaram e conduzem directamente a estes resultados funestos.

Por isso, a Esquerda soft, propõe medidas drásticas, para resolver o grande problema da indisciplina da aluna matulona que agrediu barbaramente a pequena professora, para gáudio dos restantes paspalhões delinquentes.

Um outro, facultativo, também habituado a administrar empresas, nem tem dúvidas: Claro que a aluna merece ser punida e apoiada a título exemplar!

Como se vê, continuam bem vivas as ideias perfeitas que conduziram a este estado de coisas. Ora, punir e apoiar, de modo exemplar, ainda por cima, só deste modo, muito aproximado, aliás, à sugestão da diplomata do causa nossa.

Publicado por josé 18:36:00 3 comentários  



A aluna matulona e a pequena professora

A intrépida Ana Gomes, do causa nossa, já tem a receita para a indisciplina no ensino.
Qual Estatuto do Aluno, qual carapuça! Qual ISCTE, qual fundação! Quer ela lá saber de quem é a responsabilidade directa, das regras que permitiram estes desmandos! Quer ela lá perguntar aos seus amigos Pedrosos e Cª!
Para a blogger, isto só lá vai... se rachar. Assim:

"A aluna matulona que agrediu a pequena professora no Carolima Michaelis, o canastrão que filmou a cena rebolado de gozo, os delinquentes que repetidamente agrediram empregadas e alunos em Tarouca, os paspalhões que procuram destrambelhar uma professora numa aula de economia noutro video esta noite passado nas TVs, só podem ter um destino e amanhã já. Por ordens da Senhora Ministra, se as autoridades escolares não tomarem a decisão que se adequa: imediata suspensão das escolas respectivas, com divulgação pública da suspensão. E rápidos processos disciplinares, para efectivar a expulsão daqueles alunos das escolas que perturbaram e acelerar as suas tranferências para instituições adequadas, onde as suas necessidades de educação especiais sejam asseguradas pelo Estado, se os paizinhos não quiserem ou puderem tomar outras disposições.Ele há limites para tudo. E momentos para intervir de forma exemplar. O Ministério da Educação precisa de mostrar que não é complacente com alguns e intransigente com outros. Que a lei e a disciplina é para todos e para fazer cumprir por todos. Pelos alunos também."

Publicado por josé 15:12:00 11 comentários  



A poesia do ensino nacional

No jornal Público, há dois comentadores que sigo com atenção, por causa das idiossincrasias que revelam nos escritos: Rui Tavares e o director do jornal, José Manuel Fernandes.

São dois civilizados polemistas, com cuidado no que escrevem e que geralmente não afrontam ninguém, com escritos ad hominem, a não ser em casos raros de divergência pessoal ( MST e JMF, por exemplo). Perdem com essa atitude, uma autenticidade que eventualmente reprimem, mas ainda assim, nos interstícios que fixam em papel de jornal, deixam margem de manobra suficiente para o comentário avulso.

Hoje, no Público, escrevem sobre o mesmo assunto: o problema do ensino e da autoridade na escola e sala de aula.

Rui Tavares, é avesso à autoridade, por um motivo declarado. Escreve de modo a perceber-se que abomina o medo que a mesma provoca e convoca o passado para a demonizar. Escreve mesmo que nesse passado, a autoridade, “só funcionava integrada numa cadeia com vários elos: tinha-se medo do professor, do pai, do marido, da tropa e da PIDE.”

Com Rui Tavares, ao menos, sabemos logo em que campo nos encontramos: no dos mitos e lêndias do antifascismo e da resistência ao um poder difuso, mas concreto, simbolizado no “fascismo”, bem definido pela ideologia que nunca deixa de mostrar a sua transparência: a de uma Esquerda, subsidiária de ideias e valores, do séc. XX, ensinados por Marx, Engels e também Lenine.

O marxismo geral, nas suas vertentes caleidoscópicas, incluindo o trotskismo, constitui para estes indivíduos, uma espécie de caldeirão de Astérix, onde os avatares dos Tavares se chamam Obélix e mergulharam em pequenos, ficando impregnados para todo o sempre, dos valores intrínsecos à ideologia derrotada do século em que nasceu.

Não deram por isso, uma vez que tinham metido por atalhos e comungam ainda as hóstias sagradas dos princípios básicos dos manuais diversificados, no ensino marcado pelos apelos as ideais que cantarão ainda em vida dos seus seguidores. São novos religiosos da utopia laica.

A autoridade, para estes utópicos, situa-se, como instrumento nefando, no seio da própria sociedade que segrega os mecanismos de exploração que é sempre do Homem por outro Homem. O professor, os pais, a escola, a Igreja ( faltou esta), a tropa e o poder político, são apenas as figuras visíveis da super-estrutura que importa desmantelar para se atingir esse nirvana nunca alcançado, mas sempre prometido aos crentes: o fim da exploração e o da suprema igualdade revista no ideal comunista, anunciado e prometido pelos mestres desse evangelho do Homem Novo.

Inseridos numa sociedade que na prática renegou e continua a negar, as soluções miríficas, através de um partido, de uma ideologia baseada essencialmente no materialismo, mas solidamente ancorada em princípios de poder bem definidos pelos mestres Lenine ou Trotski, ou Rosa Luxemburgo ou mesmo outros mais anónimos, vivem em constante contradição. Entre o que pensam como ideal e o que encontram como realidade concreta, com os problemas reais e presentes para resolver, à luz desses princípios absorvidos por infusão no caldeirão marxista.

A solução de Rui Tavares para o problema da ( falta) de autoridade nas escolas, é simples de propor: os tempos que correm exigem “turmas menores, não ultrapassando os 20 alunos ( medida certa, mas de difícil concretização com poucos meios). Cacifos para deixar os telemóveis á entrada ( esta, é de gritos polifónicos). Mais professores e funcionários ( pois claro, já são poucos...); Intercomunicadores na sala de aulas ( esta, nem sei como comentar);

E para os alunos indisciplinados? –pergunta, Rui Tavares. Ora, puni-los, sim, ( a palavra tem cabimento no léxico da esquerda, mas já veremos como...), mas com “ a única coisa que hoje em dia mete medo: o aborrecimento.”

É isso! O aborrecimento! Como é que ninguém ainda se lembrou de combater a mordedura de cão, com pelo do mesmo cão? Medida inteligente, esta: criar aborrecimento, como castigo. Inovadora. Possivelmente mais uma reinvenção da roda.

Quanto a José Manuel Fernandes, o assunto, sendo tratado de um modo um pouco mais sério, fica por uma abordagem pós-modernista , de quem renegou o marxismo, mas à força de o beber em infusas generosas, deixou lá os restos em forma de borras.

JMF vê o problema da falta de autoridade no ensino, como consequência de um filme ( é a sério).

A figura estimável e histriónica do professor Keating, do filme sobre o Clube dos Poetas Mortos, logrou convencer os pedagogos todos deste jardim à beira- mar plantado de que a solução milagrosa para a promoçãod a excelência no ensino, residiria na adopção de “cartas fora do baralho” tradicional e na promoção de ensinantes heterodoxos e experimentadores de métodos incertos, mas de resultados certos, pelo menos no filme de culto, saído de um livro romântico e idealista. O problema, nesta análise, é um pouco mais prosaico: o filme é de 1989 e as regras do ensino público português, com leis de bases, estatutos diversos e tutti quanti, são muito anteriores a tal data...

Mesmo assim, o que releva de essencial, nessa solução é a velha mezinha que reside sempre na...poesia! Ou seja, no idealismo das soluções miríficas e que tomam as pessoas sempre como boas e puras e de rico interior. O capitalismo, agora globalizado, é o maldito carvão que tudo enegrece e desvirtua as suas cores de arco-íris.

Em Maio de 1968, pois é desta época que estamos a falar, evidentemente, os revolucionários de slogans, proclamavam que a poesia nascia debaixo das pedras da calçada... “sous les pavés, la plage”! O professor Keating e quem o inventou são apenas mais uma das manifestações da utopia.

JMF afirma que foi esta mentalidade que estragou a autoridade no ensino. E assegura que foram os programas que daí advieram que corromperam a disciplina na sala de aulas e conduziram ao desastre. “ A mensagem do Clube dos poetas mortos era simpática, mas fez muito mal à escola portuguesa. O que se passou no Carolina Michaelis é um bom exemplo, Um entre centenas de outros.” , JMF dixit.

Que propõe, então, o director do Público, como medida correctiva? O problema não está na autoridade abstracta do professor, mas nas regras existentes na escola ( é fantástico como nunca ouvimos falar disto e só nos referem leis gerais ou pomposos “projectos educativos”).

E apela á defesa da “tradição”...mas a pergunta que imediatamente suscita é: que tradição?

A dos sociólogos marxistas ou pós- marxistas, com ideias tipo Rui Tavares, retomando o idealismo noutra roupagem, ou a velha tradição de há quarenta anos a que muitos parecem agora apegar-se mesmo sem saber do que realmente se trata ? O autoritarismo, pode conviver com o ideal democrático do respeito pela ideia alheia?

Saberão os antigos marxistas, caídos no caldeirão de quase quarenta anos de ideologia corrente nos media, distinguir a verdade da mentira dos actuais sociólogos, tipo ISCTE? Aliás, não virão mesmo daí, dessa sociologia, os males recorrentes do ensino que temos?

Não quererão fechar ao público, o ISCTE, como viveiro de ideias de governo, reservando-o exactamente para o que foi inicialmente criado em 1972, pelo governo de Marcelo Caetano? Para estudar as ciências do trabalho e da empresa? Acompanhando as lições das escolas modernas, depois de as aprenderem em primeiro lugar?

Terão alternativa, nos tempos que correm, a não ser recorrer ao velhinho senso comum, que ainda por aí espalhado para quem o quiser apanhar?

É que parece não haver outras e JMF não nos indica o paradigma...

Publicado por josé 14:59:00 24 comentários  



A luta contínua

O general Galvão de Melo, morreu na quinta-feira passada, em casa. Tinha 86 anos.

Em 25 de Abril de 1974, foi um dos militares que apareceu na televisão, integrando a Junta de Salvação Nacional, como militar da Força Aérea.

A história de Galvão de Melo, poderia servir de metáfora, para uma certa Direita portuguesa que nunca conseguiu afirmar em número de votos, as ideias trazidas do tempo do Estado Novo e alimadas no Portugal democrático, após o 25 de Abril. A esquerda, conseguiu sempre superar em discurso e em votos, as veleidades que essa Direita poderia alimentar, para conseguir governar Portugal de uma maneira diferente e mesmo assim, democrática. Galvão de Melo, não gostava do comunismo e manifestava-se abertamente contra essa ideologia, com 15 anos de antecedência, à queda do Muro, em Berlim. Alguns dos que então o atacavam e apodavam abertamente de "fascista", como um certo meco que por aqui aparece, só em finais dos oitenta, descobriram que estavam enganados, professando a fé de cristãos novos, ainda assim, de modo serôdio.

Nesta sequência de fotos, tiradas de revistas e jornais da época, ( Século Ilustrado, Flama, Vida Mundial, Opção e Expresso) podem ver-se algumas das razões ilustradas, da derrota permanente e duradoura, dessa Direita que nunca conseguiu mostrar que valores propunha socialmente, recolhendo votos em quantidade suficiente para governar o país.

Galvão de Melo perdeu a luta contra o partido comunista, nos primeiros meses depois de Abril de 1974, mas ganhou depois a guerra que também travou, contra a ditadura que o PCP preparava para Portugal, em 1975.

Ainda assim, nunca logrou passar de uma figura emblemática daquilo que para muitos, representa a extrema-direita portuguesa, apesar de ter apoiado o socialista Mário Soares, como membro da comissão de honra da candidatura presidencial, nas últimas eleições.

A primeira imagem, é da Junta de Salvação Nacional, na noite do dia 25 de Abril de 1974, tal como apareceu na RTP, com o general Spínola a ler a proclamação do MFA, depois do golpe de Estado, contra Marcelo Caetano e o regime.



A seguir, estas duas fotos, mostram a proclamação de Spínola, como presidente da República, em Maio de 1974, efectuada por Costa Gomes, então CEMGFA e em nome da Junta de Salvação Nacional que assim o decidiu.
Na foto ao lado direito, o primeiro governo provisório, quase na mesma altura e já empossado pelo novo presidente da República. Palma Carlos, professor de Direito, maçónico e moderado, é primeiro chefe de Governo da democracia saída de 25 de Abril. Ao lado, Cunhal, Soares, Almeida Santos, Pereira de Moura, Sá Carneiro, Raul Rego e outros. As figuras do novo regime e que marcarão os anos seguintes.














Nessa altura, já Galvão de Melo, tinha ido à televisão, fazer um discurso completamente contra a corrente, lamentando os excessos da democracia e da liberdade recentemente conquistada. Foi nessa altura, completamente trucidado pela opinião publicada nos principais jornais, criticado por criticar os desmandos que se lhe tornavam notórios.
Um exemplo concreto, foi a entrevista, também à televisão, em Agosto de 1974, em que criticava as medidas de amnistia recente, que pôs em liberdade alguns presos de delito comum. O ministro da Justiça da época, Salgado Zenha, respondeu-lhe como se pode ler nesta notícia, do Expresso de 31 de Agosto de 1974.


Não obstante, o clima político, nessa altura, era de tal ordem que o Expresso da semana anterior, perguntava na primeira página: "Onde reside o poder em Portugal?" É que não se sabia muito bem, porque havia o Governo, o Presidente da República, as Forças Armadas do MFA e a Junta de Salvação Nacional.Por causa dessa indefinição, em Setembro de 74, houve uma tentativa de algumas pessoas ligadas ao general Spínola, demarcarem melhor os campos políticos, procurando um lugar para a Direita portuguesa, apresentada então como "maioria silenciosa". Houve uma convocatória para uma manifestação, também apoiada por Galvão de Melo e que redundou em fracasso e em tiro ao alvo, quase literal, aos "reaccionários". A partir daí, a Direita portuguesa, nunca mais se encontrou num lugar seguro e de ideias firmes. O CDS, aparecia sempre como partido "rigorosamente ao centro"...e os demais partidos da mesma área, eram pura e simplesmente acantonados no beco sem saída da extrema-direita, sem direito a respeito algum democrático. Os jornais que os representavam, eram "pasquins". A liberdade de expressão, ficou então reservada aos "progressistas" e os "regressivos", ficaram sem pio. Durante tantos anos que ainda hoje piam muito baixinho, para não se ouvir a reprimenda certa e ainda segura, dos "progressistas".

Em 24 de Outubro de 1974, na sequência dos acontecimentos de 28 de Setembro, a revista Vida Mundial, totalmente à esquerda ( dirigida então por Augusto Abelaira e Pedro Rafael dos Santos) , logrou fazer uma capa, com um título apelativo: a CIA em Portugal. O papão maior, descontando o KGB de quem nunca se falava, aparecia como o inimigo principal do país e que em nome do capitalismo, pretendia subjugar a independência nacional.
No artigo interior, assinado por Fernando Dil, o nome de Galvão de Melo aparece associado à CIA e à tentativa de desestabilização do regime democrático, rapidamente transformado em PREC...dali até 11 de Março de 1975, foi um ver se te avias. E aviaram-se bem , com nacionalizações dos sectores produtivos, industriais e de serviços.






















Dois anos depois, em Agosto de 1976, a revista Opção, de Artur Portela Filho, definia claramente a direita, com direito a foto que aqui fica. Ao lado, dava a voz aos "constitucionalistas" do regime, entre os quais, o afamado Vital Moreira que em nome do PCP, não tinha qualquer dúvida em afirmar que a Direita, ( e a extrema-direita) pretendia remodelar o Conselho da Revolução ( aparecido em Março de 1975) expurgando os elementos mais "progressistas". E explicava:
" A direita pôs fortes esperanças nas eleições para a Assembleia da República e viu-as defraudadas; depois, não conseguiu eleger o seu candidato à presidência e, mais recentemente, não teve o Governo que gostaria, pelo que, a sua última hipótese é o CR"

Então, como agora, a luta é sempre a mesma: contra a malfadada Direita: Nem que esta seja um mito, como bem o demonstra a foto dos dois representantes da dita...




Publicado por josé 01:12:00 1 comentários  



Erro gritante

Não tinha lido isto, no blog Sine Die, sobre o postal dos gritos, mas apetece-me agora escrever baixinho, para tentar demonstrar que a opinião, para um suposto jurista, muitas vezes, assume contornos insuspeitos, mas pouco surpreendentes, afinal.

O cronista do Sine Die, alvitra hipóteses, aparentemente, por não compreender a essência da mensagem. Interpreta, descose, tricota um palpite, entre vários. Nenhum deles atinge o alvo da intenção, mas todos eles revelam a noção da posologia particular do intérprete.

Escreve, palpitando, uma putativa “ visão regressiva das relações humanas”, no escrito de gritos. Confesso que não entendo o conceito. As relações humanas podem ser “regressivas”? Por contraposição a quê? “Progressivas”? Ficaremos na mesma. Quererá referir-se a um retorno ao papel reservado à mulher, no seio de um casal, nos tempos de antanho?

Supondo que seja esse o desiderato, falhou o alvo que aliás, nem se apresenta claro. Melhor seria a antiga e sempre nova designação: visão reaccionária. Deste modo, seria claro, de linguagem precisa e perfeitamente identificável.

Depois, escreve sobre “preconceitos temporalmente desajustados e socialmente indesejáveis, que continuam a perpetuar uma noção paternalista das mulheres ”. Mas...voltamos ao mesmo? Ou antes, regredimos na análise, outra vez? Passemos adiante, portanto.

Insistindo em imputar a intenção, em processo sem garantias de defesa, a não ser a posteriori, como agora se faz, recalcitra na assunção de que o escrito sobre os gritos, assenta no preconceito já dito: redução e regressão do papel social da mulher, ao “tradicionalmente atribuido”.

Portanto, começando a escrever em português corrente, tenho a dizer em minha defesa, o seguinte:

A mulher de António Costa, tem todo o direito de divergir da opinião do marido. O marido também, aliás.
Acontece que a mulher de António Costa, é professora. O marido é político, dirigente de topo do PS, ex-futuro e eventualmente mesmo futuro primeiro-ministro ( valha-nos Sª Engrácia...)

A mulher do político de topo, António Costa, não concorda com a política de educação deste governo de que o marido fez parte ( muitissimo importante) e cujo programa delineou, sufragou, propagandeou, aplaudiu, aprovou, legislou. E veio para a rua, aos gritos, contra a política que o marido e seus companheiros de partido e governo, defendem.

A mulher de António Costa, é dissidente do marido em matéria política e tem todo o direito de o ser. Tal como o marido o tem, também. Porém, em política, o que parece, é. Ou seja, a solidariedade política, entre correligionários, convoca a curiosidade alheia que lê nas aparências a realidade oculta.

Um político de topo, como António Costa, em matéria tão delicada e difícil, como são as reformas do ensino, não conseguiu convencer aquela pessoa que aparentemente lhe está mais próxima, da bondade intrínseca dessas reformas. Isto, é do mais chão senso comum e que parece falhar ao intérprete do Sine Die.

Tal como na Saúde, este governo queixa-se de não conseguir passar uma mensagem clara que obtenha o apoio popular. A partir desse exemplo concreto, será fácil entender porquê: as reformas estão erradas e muita gente, incluindo as pessoas mais próximas daqueles que as gizaram, não as aceitam. E até as contestam, na rua. Supõe-se que também o farão em casa, com grande harmonia de argumentos...

A conclusão lógica disto, será entender que o que escrevi tem a ver com a regressão das mulheres ao tempo e ao lugar reservado da cozinha?! Balha-nos deus...

Portanto, avançar mais do que isso, na análise do escrito de gritos, é abusivo. Próprio de jurista afoito a interpretações arrevesadas. Intencionalmente processual. Sem gritos, mas de injustiça gritante.

Publicado por josé 00:14:00 1 comentários  



A disciplina do ministério da Educação

Em Junho de 2006, numa escola do Montijo, uma professora foi agredida pelos pais de um aluno.

Tal facto, motivou o encerramento da escola, pelos professores, a que se seguiu o habitual coro de lamentações, incluindo a voz do próprio presidente da República.

O discurso directo do mais alto magistrado da Nação, nessa altura, dava conta de um indesmentível mal-estar geral, nesse sector primordial da nossa vida democrática.

Citando um blog, que por sua vez, citava a Sic/Lusa, dizia então o P.R. que “são necessárias mudanças nas escolas e no sistema de ensino, apelando a que se "deixe actuar" a ministra da Educação para tentar aumentar a qualidade no sector. "Deixemos a ministra da Educação actuar com a experiência e as competências que tem para ver se aumenta a qualidade no nosso sistema educativo", afirmou Cavaco Silva, questionado pelos jornalistas sobre a violência nas escolas, durante uma audiência com alunos e professores de escolas do Montijo integrados num projecto de cidadania. Na segunda-feira, professores encerraram a Escola Básica 1 São Gonçalo, Lisboa, depois de uma docente ter sido agredida sexta-feira pelos pais de um aluno. "São situações lamentáveis, como é óbvio. É uma demonstração de que é preciso fazer mudanças nas escolas, no sistema de ensino", afirmou, sublinhando que "existem vários relatórios internacionais que demonstram a ineficiência" do sistema educativo em Portugal.
SIC / Lusa, 13 de Junho de 2006”

As cautelas e recomendações públicas, de então, deram em quê, exactamente?

Ora bem. No que aos alunos se refere, havia uma regulamentação: a Lei 30 /2002 de 20.12.

Parece que a lei não prestava , como reconhecem agora, os técnicos do próprio ministério: “ Nos últimos quatro anos, a experiência da aplicação da Lei n.º 30/2002, de 20 de Dezembro, permitiu verificar que, em muitos aspectos, o papel dos professores não era valorizado, não se tinha em conta a necessidade de uma actuação célere em situações de alteração do clima de trabalho nas escolas e não havia um contributo eficaz para o desenvolvimento de uma cultura de responsabilidade de alunos e de pais.”

Depois dessa verificação prática das consequências da lei de 2002 e de experimentação notória, (seguida, aliás, a outras experiências que por sua vez, tinham originado a lei de 2002), o que se fez no Ministério competente, para alterar esse lastimável estado de coisas, no campo disciplinar?

Outra lei. A Lei 3/2008, de 18.1 e que fixa três medidas de carácter disciplinar, para casos mais graves:
a repreensão registada, da incumbência do professor. A suspensão da escola até 10 dias, da incumbência da presidência do conselho executivo e, finalmente, a medida mais drástica: transferência de escola! A aplicar por entidade suprema e regional, pois claro.

Para explicar estas extraordinárias medidas "disciplinares sancionatórias" que abrangem todas as situações graves, fica aqui, a palavra dos técnicos competentes:

As medidas disciplinares sancionatórias, que podem ser aplicadas, cumulativamente, com alguma ou algumas das medidas correctivas, têm em vista, para além dos aspectos educativos e pedagógicos, a punição e o cerceamento de eventuais comportamentos, no espaço escolar, que assumam contornos de maior gravidade.

(...)

Ao nível dos procedimentos tendentes à aplicação das medidas correctivas e disciplinares sancionatórias atrás referenciadas, simplificaram-se e agilizaram-se as formalidades que os integram, assegurando-se, contudo, a necessária informação aos pais e aos encarregados de educação, bem como a salvaguarda do direito de defesa dos alunos.

No essencial, tal simplificação e tal agilização, traduzidas na eliminação da intervenção de determinadas estruturas educativas antes da tomada de algumas decisões, na redução dos prazos de instrução dos procedimentos e na supressão de certas formalidades, tiveram como objectivo uma maior eficiência, eficácia e oportunidade na exequibilidade das decisões que venham a ser proferidas, sem se descurar, contudo, a necessária clareza, precisão, rigor e fundamentação que sempre deverão nortear tais decisões.

É isto que o Secretário de Estado, V.L., douto...digo, Master em qualquer coisa lá de fora, dos USA ou coisa assim, antigo presidente de Politécnico e de ESE, defende como medida exacta para problemas de índole maior, com os alunos das escolas públicas.

Nota complementar: afinal, a ministra da Educação, acaba de explicar na tv, (RTP1, Telejornal das 20h), que o actual Estatuto do Aluno pouco pode fazer, pelo caso concreto da professora e aluna, do video no You Tube.

Pelos vistos e ao contrário do que ontem, o seu Secretário de Estado, o referido V.L, deu a entender, o Estatuto de aluno, em vigor na Escola Carolina Michaelis, ainda é o da tal lei de 2002, que os técnicos do Ministério, consideram uma pequena maravilha. Como se pode ler...

Publicado por josé 19:31:00 2 comentários  



OLha a mezinha, mé, mé, mé!

Um dos indivíduos mais privilegiados deste regime e governo que temos, dá o seu palpite acerca da solução milagrosa para o problema palpitante, da indisciplina na sala de aulas:

"(...)formar os professores na gestão de situações de indisciplina."

Boa! Como é que no ISCTE não tinham pensado nisto?!
Não lhe ocorre, evidentemente, que o principal problema são as políticas de ensino que o privilegiado tem defendido sempre, ao apoiar os governos da sua estimação: laxismo, igualdade fictícia e mediocridade pedagógica.

Lendo os jornais de hoje, não se descortina reacção oficial, ao desaforo do video. Ontem, o tal Valter Lemos que temos, comentava, assegurando que tudo ficaria resolvido ao abrigo do novo Estatuto do Aluno.
Só este comentário, desta luminária, chegaria para iluminar o problema maior: esta gente que nos governa, não tem ideias certas, há muito tempo, sobre o modo de resolver as questões básicas do ensino. Conhecem uma solução, aliás idêntica para outras áreas e que é a injecção de dinheiro do Orçamento, em comissões, estudos e pareceres que redundam em legislação avulsa, sempre considerada como mezinha milagrosa. Mas, no fim de contas, de pacotilha e que um Pedroso anda a coligir afanosamente, a troco de réditos faraminosos.

O comentário de Vasco Pulido Valente, na última página do Público de hoje, assesta as baterias da escrita de opinião, no que já vai sendo demasiado óbvio, mas demorou anos e anos a descortinar:

"Se existisse justiça neste mundo, [o Governo] devia "avaliar" primeiro a longa linha de ministros que desde Veiga Simão ( um homem nefasto), Roberto Carneiro e Marçal Grilo arrasaram no ensino do Estado a autoridade e a disciplina e o tornaram na trágica farsa que hoje temos."

É assim, de facto. Mas não para todos. Na ideologia que sai do ISCTE e que enforma simbolicamente, toda a mentalidade eduquesa, é tudo ao contrário. Desde há muitos anos. Os exemplares vivos, desta fauna de um mundo nunca encontrado, habitam os corredores e gabinetes de uma célebre avenida de Lisboa.

Podem limpar as mãos à parede. Ou a esses papéis todos, já agora.

Publicado por josé 11:32:00 10 comentários  



A qualidade do ensino tipo ISCTE

Depois do vídeo de ontem, sobre uma anormalidade, numa sala de aula de uma escola pública ( bem classificada nos rankings) , já peroraram os técnicos.
Na Tv, um deles, circunspecto, achava a coisa imperdoável. Uma falta de respeito geral, não só da aluna em questão, mas dos restantes, incluindo o cineasta amador.

Com estas coisas tecnológicas, dos telemóveis para esta geração que nem é rasca, mas apenas à rasca de valores e referências, podem ver-se outros vídeos, ainda mais interessantes e que demonstram à saciedade, o que os técnicos da 5 de Outubro e das comissões do ISCTE não vêem: o ensino está de rastos, a começar pela disciplina na sala de aula. Pode ser que a compilação de legislação, laboriosamente recolhida ou a recolher, por um Pedroso, sirva para perceber o que não presta.
O primeiro dos requisitos para alguém, seja quem for, poder ensinar seja o que for, pode ver-se por aqui, nestes dois vídeos bem exemplares.

Até agora, o discurso ministerial, de seriedade e firmeza, convencia apenas os acólitos. Suponho que depois de se verem estas coisas, afinal corriqueiras e que todos os professores conhecem de ginjeira, nem esses. Ficarão apenas os Pedrosos e Lurdes que nos calharam nesta malfadada rifa.

Publicado por josé 11:46:00 18 comentários  



R de RASCA





Publicado por Manuel 19:08:00 6 comentários  



Que cena, meu!

Em dois blogs que leio- Blasfémias e Do Portugal Profundo- dá-se conta da circulação no YouTube, de um video caseiro (melhor dizendo, escolar e feito através da moderna tecnologia dos telemóveis de geração avançada), mostrando uma cena ( na terminologia apropriada) numa sala de aula, com alunos adolescentes e uma professora.

A cena, mostra o ambiente natural de uma sala de aula, actual, de uma escola pública portuguesa, do Porto.
Aparentemente, os alunos, são adolescentes normais que frequentam o ensino público que temos.

No video, colocado no You Tube, pelo autor ou um dos autores do mesmo, ( depois retirado e posteriormente recolocado por outrém) é possível perceber várias coisas. Uma delas, à vista desarmada de qualquer preconceito, é simplesmente a falência do sistema de ensino que temos, no que se refere à disciplina numa sala de aula. Ponto final e parágrafo.

Espera-se que este video seja o sinal de alarme, audível e visível pelos burocratas do Ministério da Educação, sobre o estado a que deixaram chegar o nosso ensino público.
Da ministra, nem vale a pena falar. É um caso perdido. Dos Secretários de Estado, talvez o dr. Pedreira, tenha um módico de senso para perceber que este caminho leva à desgraça. Em que aliás, já nos encontramos.
E não serão os discursos eloquentes, sobre as avaliações dos professores que permitirão olvidar a avaliação que todos podem fazer do Estado que permitiu que isto chegasse onde chegou.

O dr. Grilo, esse extraordinário coleccionador de coleópteros, antigo ministro da Educação da era da paixão, já há alguns anos tinha colocado o selo no álbum, ao escrever o título do seu livro inútil: "O difícil, é sentá-los!"

Não é só isso, professor Grilo. O difícil, mesmo, mesmo difícil; difícil mesmo... está a perceber? Difícil, difícil, a valer, é...tirar os burocratas e génios variados, vindos do ISCTE e dos doutoramentos "lá fora", das comissões que fazem os programas e legislação que depois dão nisto que se pode ver.

Isso é que é difícil, professor Grilo!

NOTA: o vídeo é esse, colocado agora, pelo Manuel.

Publicado por josé 18:50:00 24 comentários  



O direito à indignação

O problema dos privilegiados da Função Pública, um dia destes a abranger a totalidade dos funcionários, diabolizados como responsáveis pelas desigualdades sociais, por luminárias tipo Vital Moreira, tem uma explicação que qualquer pessoa pode entender, se perder uns minutos em consultas na Rede.

Só no sítio do Público, podem encontrar-se artigos que retratam fielmente, o historial deste progressivo embuste da classe política que tem acesso generalizado aos media e portanto à propaganda mais pura e directa, mesmo quando discursam em modo sério, medidas de contenção orçamental.

Para resumir em poucas linhas, os privilegiados, nem sempre o foram.
A partir de finais de 1989, o poder político, entendeu, sem oposição de relevo dos que agora contestam os “privilégios”, que os funcionários públicos, mereciam um pouco mais de atenção e justificaram legislativamente, a concessão de regimes diferenciados a certas categorias profissionais, em função do nível de responsabilidade, estatuto, exigência, perigosidade, requisitos ou conteúdos funcionais especializados, para o regime específico de retribuição.

Os corpos especiais na FP, surgiram em 1989, ano da introdução no novo regime de fiscalidade com o IRS e IRC e quando o Governo de Cavaco Silva, apoiado num estudo de uma comissão presidida por Sousa Franco, decidiu rever a vertente remuneratória e de carreiras de certas categorias profissionais da função pública que tinham já regimes diferenciados. Mais não foi, portanto, que uma oficialização dos privilégios, segundo o Público.

Em meia dúzia de anos, por motivos diversos, os governos que presidiram aos destinos da Nação, acumularam dívidas, sangraram as contas públicas e chegaram a um Estado de lástima tal que em Maio de 2005, segundo o Público, o PSD responsabilizou o PS e o Governo de António Guterres, pelo valor de 6,35 por cento , no défice das contas públicas nacionais, imputando-lhe directamente a responsabilidade em “ter deixado aumentar a dimensão do Estado”.

Nesses anos, ninguém ouviu Vital Moreira, ou os jumentos todos deste país, a reclamar contra tais políticas. Só agora se ouvem a zurrar ( os que se auto-designam como jumentos, entenda-se; os outros, é mais de regougos que se trata...) .
No entanto, não faltou então quem se manifestasse contra e quem dissesse alto e bom som que a responsabilidade directa deste descalabro das contas nacionais, imputava-se inteirinha ao Governo socialista de Guterres, apoiado vibrantemente pelos vitais e jumentos do país.

E que as causa directas se reviam nas políticas de aumento, sem controlo, da dimensão do Estado. Nessa altura, o Estado era o modelo. Agora, passou a ser o mercado liberal, para estes indivíduos de cata vento no lugar de bestunto.

E para que esta responsabilidade grave não fique casada com os privilegiados da Função Pública que repudiam tal megera sem eira nem beira, fica aqui outra notícia do Público de 23.5.2005:

O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, disse hoje, em conferência de imprensa, que a derrapagem orçamental de 6,83 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) ficou a dever-se à desorçamentação na saúde, salários dos funcionários públicos, Instituto de Estradas de Portugal, segurança social e Caixa Geral de Aposentações. O Serviço Nacional de Saúde apresenta um défice previsível de mais 1512 milhões de euros, "que não estavam orçamentados", referiu Vítor Constâncio.

Os fundos para os serviços dos funcionários públicos, relativos aos salários e às progressões automáticas das carreiras, indicam uma insuficiência de 360 milhões de euros que terão de ser repostos pelo actual Governo.

Mais 458 milhões de euros dizem respeito ao buraco do Instituto de Estradas de Portugal; 599 milhões de euros são atribuídos à segurança social; e 228,3 milhões representam fundos da Caixa Geral de Aposentações, que não estavam inscritos no Orçamento de Estado, aprovado pelo anterior Executivo PSD/CDS-PP.

Todas estas situações, associadas à desorçamentação, deve merecer especial atenção dos governantes, sublinhou Vítor Constâncio.

Passados estes anos de má governação, imputável aos mesmos que agora apelidam e vituperam os privilégios, como se os beneficiários fossem os responsáveis pelos mesmos e nunca os tivessem merecido, ou até como se os tivessem usurpado, vemos tais luminárias, responsáveis pelos desmandos que denunciam, a dizer, escrever e proclamar como insustentáveis, tais privilégios!

É preciso ter lata.

Fazem o mal, a caramunha e logo a seguir, implicam as vítimas como autores dos próprios delitos de que são os únicos responsáveis.

E tanto pior, quanto sabemos todos muito bem que foi nesse período em que se alargaram generosamente os cordões da bolsa pública, para pagar aos gestores de tretas de empresas públicas, com única qualificação nos cartões de partido e influência directa de apaniguados.
Milhões em indemnizações compensatórias por saídas intempestivas de comissões acordadas e milhões pagos em suplementos obscenos, não fazem corar estes tartufos de ópera bufa.
O mal, todo o mal, está nos "privilégios".

Até apetece, dizer um palavrão. Daqueles bem soezes.





Publicado por josé 16:50:00 10 comentários  



raciocínios aritméticos

Um licenciado em assuntos de História, escreve hoje no Público. A crónica, de Rui Tavares, versa um problema magno que muita gente, ao longo das últimas dezenas de anos, tentou perceber e sobre o mesmo escreveu: o funcionamento do mercado e o modo de produção de bens e serviços.

Rui Tavares, sobre o facto de, em Portugal, cada vez mais licenciados ficarem num desemprego estável, alvitra uma opinião, contra a corrente opinativa comum: a culpa deste fenómeno, talvez resida mesmo no mercado e não, como muitos julgam e parecem acreditar, no sistema de ensino universitário público que não se adapta às condições correntes, desse mesmo mercado.

Acrescenta um argumento interessante e que merece ampla reflexão: as universidades , para além da formação específica, devem proporcionar uma aquisição, a cada estudante, de “capacidades de raciocínio, disciplina mental, criatividade e autonomia”. Seriam esses, os requisitos para o exercício de actividades profissionais, em áreas diversas das licenciaturas acabadas.

Partindo desse raciocínio, Rui Tavares, conclui, afinal, que ao acabar uma licenciatura, uma pós-graduação ou um doutoramento, o estudante adquiriu, além daquilo que é específico, também a cultura geral para entrar no mercado. Seja em que área for, mesmo em Enfermagem, actualmente com excesso de oferta; ou em Psicologia, como o mesmo tipo de problema.

Portanto, ao mercado, bastaria escolher licenciados, de uma qualquer licenciatura, porque a preparação básica e fundamental já viria na embalagem cultural, como brinde, em todos os cursos superiores.

Não parece difícil de rebater, esse raciocínio simplista, se entrarmos abertamente na área das disciplinas técnicas, onde o saber especializado, não pode ser substituído pela absorção cultural da maior facilidade de raciocínio ou da maior disciplina mental.

O saber específico em áreas concretas, cada vez mais, é um factor de diferenciação que o mercado entende. Nenhum caçador de cabeças, irá escolher para chefe de operações de controlo aéreo, um filósofo pós-moderno. Mesmo que este possua uma grande capacidade de análise da trajectória dos objectos voadores não identificados, lidos nos livros de ficção científica, dos anos cinquenta. E que até conheça a Argosy, mas não saiba ponta de um corno, de vectores e cálculo.

Nenhum escolhedor de talentos, dará primazia a um historiador muito culto, versado em antiguidades sumérias, para dirigir um departamento de análise financeira, em detrimento de um recém-licenciado em Análise Económico-Financeira e que não saiba o que é o código de Hamurabi, mas perceba de gráficos e sinais hieroglíficos, em écrãs das bolsas de valores.

Resumindo: o artigo e ideias de Rui Tavares, são típicos dos letrados em Humanidades que julgam as matérias técnico-científicas, como uma dependência da suprema área da filosofia e espistemologia do mundo moderno.

Por contra, o blogger do Blasfémias, João Miranda, responde em dois postais, ao argumento especioso de Rui Tavares, com considerações de costume liberal. Em defesa do mercado, quase sempre à outrance.

A culpa do desemprego dos licenciados em Farmácia ou em Psicologia, longe de pertencer ao mercado regulador de tudo e de todos, agora, caberia inteirinha, às universidades que não compreendem os sinais de fumo desse mercado, por causa dos subsídios que recebem do Estado. Portanto, devido à falta de incentivo desses lugares de ensino, para adequarem os cursos ao livre jogo da oferta e procura.

De resto, a culpa principal, até pertenceria aos indivíduos, porque não sabem escolher bem os cursos, olhando para os sinais de fumo da mão invisível.

No mercado, residiria toda a virtude. Em estado puro e selvagem. Nos indivíduos que o procuram, ficaria a culpa dos infortúnios da escolha.

Portanto, temos dois licenciados, escribas de jornal, supostamente cultos e com capacidade de raciocínio, adestrados para a criatividade e autonomia, a pensar e escrever de modo completamente diverso.

Um, atira as culpas deste status quo deprimente, para o mercado. Outro, atira-se aos indivíduos que não entendem esse mercado sagrado, de mão invisível em riste e que orienta, omnisciente, o curso das coisas e da História, nos lugares onde o adoram.

O meio termo destas posições antagónicas, se calhar,- porque nestas coisas invisíveis, o que parece nem sempre acaba por ser,- residirá num lugar improvável e de definição incerta, apontado no mesmo jornal Público.

O director, a propósito das dificuldades académicas, aponta o exemplo dos licenciados do jornal que um dia destes, escreveram : “Sócrates ganha PS com mais de dois terços dos votos”; isso, quando no texto, aparecia: “Sócrates deverá ter recolhido mais de 75 por cento dos votos.”

José Manuel Fernandes, mostrando esse exemplo concreto, escreve por causa do ensino básico de matérias como a matemática, assim, em editorial:

nenhum estudante deve terminar o oitavo ano sem ter aprendido os conceitos fundamentais de álgebra, saber resolver equações lineares e quadráticas, funções polinómios, cálculo combinatório e de probabilidades. Ou seja: acabe-se com as facilidades e regressemos ao essencial.

Pela minha parte modesta, restaria acrescentar uma outra coisa, de pequeno valor para um indivíduo, mas de grande importância para o desenvolvimento cultural geral:

Saber escrever, sem erros ortográficos e com aperfeiçoamento sintáctico. Desde a quarta classe. Ou quarto ano, como agora se diz.

Com estes dois pequenos problemas resolvidos, aposto que os licenciados em antagonismo conceptual, não tinham motivo para a escrita de hoje. Nem eu.

Nota: o texto foi corrigido, agora ( 17h e 35m, de 20.3.2008) por causa de erros sintácticos. Mesmo assim...

Publicado por josé 15:52:00 17 comentários  



O preço certo


O jogador do FCP, Quaresma, já tem um preço fixo, para o que vale como profissional dos chutos na bola: 40 milhões de euros. Com um pequeno desconto: um euro. Que o presidente do clube, aceita repor, se alguém quiser oferecer os 39 milhões, vírgula novecentos e noventa e nove...

Negócios, é assim mesmo. E os homens das notas estão aí. na foto supra. O jogador, esse, é apenas "a pawn in their game". A ocasião, foi a inauguração do "Projecto do Campo da Constituição". Um grande projecto. Na imagem, Pinto da Costa e Reinaldo Teles, com fotos do projecto e guindastes à vista.

A legenda da foto, tirada do Público de hoje, poderia ser: Portugal no seu melhor.

Publicado por josé 13:18:00 2 comentários  



Maria Rita no Programa do Jô: minutos de puro prazer musical



(como está crescida a filha da Raínha)

Publicado por André 02:12:00 1 comentários  



Contributos para a causa de todos

Como pode um indivíduo que sempre viveu à sombra do Estado, nas suas mais diversas formas, auferindo tudo o que tem, desse mesmo Estado, sob as mais variadas maneiras, atacar aqueles que dependem do mesmo Estado, de um modo soez, ofensivo e particularmente ignominioso?

Como pode um indivíduo que continua a viver à sombra do Estado, nas suas formas mais especiosas que abrangem as empresas públicas, geridas como se fossem particulares, com os prejuízos a cargo do Estado e os benefícios distribuidos generosamente, haja bons ou maus resultados, fustigar indecentemente, os funcionários públicos, mais dignos na respectiva função do que ele mesmo, nos respectivos avatares, chamando-lhes indistintamente, privilegiados e favorecidos?

Como pode o mesmo indivíduo que nunca soube o que era obedecer a um patrão que não o Estado, incorporado muitas vezes em organismos dirigidos pelo próprio, compreender a lógica e a mentalidade daqueles que sempre obedeceram a uma direcção patronal privada?

Como pode um indivíduo desses, dar pareceres sobre as reformas do Estado, comparando os funcionários públicos com aqueles trabalhadores que nunca compreenderá, porque nunca trabalhou como eles e nunca percebeu as especialidades das respectivas funções?

Até quando um indivíduo destes continuará a ser ouvido, por quem manda?

Até aborrecer os que mandam nele...

Publicado por josé 22:24:00 0 comentários  



Observatório 2008: Obama recoloca a discussão num nível elevado, depois do incidente do reverendo Wright ter relançado a questão racial

Publicado por André 19:52:00 0 comentários  



A luta da classe política

Sejamos simples, directos e concisos: o último artigo de Vital Moreira, no Público de hoje, acerca dos funcionários públicos, é um nojo.

Com a mão no nariz, esmiucemos então o vomitado escrito, procurando nos interstícios, a razão da náusea.

Escreve Vital Moreira, há muito tempo, sobre os privilégios dos funcionários públicos que nomeia e que enuncia do modo que segue:

Os funcionários públicos gozavam de muitos privilégios face aos trabalhadores do sector privado, desde uma maior segurança no emprego até um sistema de aposentação e de pensões muito mais favorável, desde um menor horário de trabalho até um sistema de saúde privativo ( a ADSE), desde remunerações em geral mais elevadas até uma generosa abertura à acumulação com funções privadas, etc. Dentro do sector público havia ainda vários regimes especiais que conferiam consideráveis vantagens adicionais, nomeadamente cuidados de saúde e de segurança social, como era o caso da justiça, da saúde, das forças armadas, das forças de segurança, da carreira diplomática. Caso especial ainda era o ensino básico e secundário, onde vigorava uma carreira profissional “plana” , sem escalões, e onde em princípio toda a gente poderia chegar ao topo da mesma e à correspondente remuneração ( aliás comparativamente elevada)"

A par com este requisitório, o acólito governamental, apresenta as medidas de reforma, como sendo a mezinha para a cura de todos os males, apontando a redução drástica dos regimes especiais, a convergência do regime público de aposentações e de pensões com o sector privado e ainda o próprio regime de trabalho do sector público, com o regime do sector privado, entendido, agora, pelo antigo marxista, como o modelo a seguir sem alternativa. O privado, constitui agora , a medida de todas as coisas, quando ainda há uma escassa dúzia de anos, era o antro mal frequentado por capitalistas de lucro na mira.

Há algo de profundamente errado nestas concepções repentistas e situacionistas: não têm lógica.

Não é possível , numa escassa dúzia de anos, passar a diabolizar um sector público, entendido como ponto de convergência de um Estado Social, social-democrata, socialista democrático , sem passar a fronteira do liberalismo mais selvagem e nem sequer dar conta disso, apresentado razões para a apostasia.

Vital Moreira, neste campo das reformas, enforma o mais puro liberal que entende o Estado ,como principal inimigo do progresso social. Diz agora o contrário do que defendia, há uma dúzia de anos. Escreve agora, em nome de um liberalismo selvagem, que contesta sempre, mas pratica constantemente por escrito.

Entende mesmo que as medidas propostas pelo actual governo, que apoia incondicionalmente, como uma “revolução no sector público que visa melhorar a qualidade dos serviços, premiar o mérito e punir a incompetência” . E escreve isto sem ponta de ironia, que neste caso, já seria do mais puro sarcasmo. Continua a ser um ingénuo, da bondade intrínseca do Estado, governado por uma direcção. Continua um perfeito leninista, agora na pele de grande liberal, embora protegido pelo Estado que controla.

A sua tese principal, sobre o poder do Estado, resume-se numa frase: “Numa democracia representativa, a interpretação e a prossecução do interesse geral cabe aos órgãos democraticamente eleitos.” Perfeito. Mas tem um pequeno problema, esta interpretação ajustada: faz recair nos eleitos a responsabilidade única e maior do fracasso das medidas de governo e legislação. Tal como agora. E disso, nem se dá conta o núncio que pretende afectar uma imaginária luta de classes, quando a luta é apenas a da classe política contra os administrados, para esconder as asneiras e a incompetência, praticadas anos a fio.

O “interesse geral”, mudou assim tanto, numa dúzia de anos? E se mudou, como parece, quem e o quê, o fizeram mudar?

Pois bem. A resposta, também pode ser simplificada numa frase pequena: foram os políticos, tipo Vital Moreira, que definiram o interesse geral, em nome do Estado. Depois do voto, escolheram as medidas, soluções e planos para chegarmos onde chegamos.

Ao Estado a que chegamos, devemos pedir contas. Mas contas bem feitas. Não apenas as das campanhas eleitorais, com as denúncias do costume que diabolizam quem esteve, para conquistar lugares de definição do “interesse geral”.

A conclusão, sobre a actividade destes políticos que tivemos nos últimos vinte anos, permitem-nos também dizer uma coisa simples e directa, fácil de entender e dificilmente rebatível:

A principal responsabilidade nas disfunções, erros, asneiras grossas, prejuízos colossais e planeamento incorrecto e profundamente prejudicial para o interesse geral, é dos políticos, tipo Vital Moreira. Quem sofre as consequências das ideias geniais destes iluminados, somos todos nós, os administrados, incluindo naturalmente, os funcionários do Estado, em que eles mandaram, mandam e querem continuar a mandar. Calando, se for preciso, quem os contesta.

Foram eles que nos Estados Gerais de 1995, da futura maioria absoluta de um PS conduzido então por um Guterres, amplamente aplaudido por este Vital Moreira, definiram as políticas concretas que agora são consideradas de “privilégios”, para os funcionários públicos e que continuaram as anteriores, inventadas pelo PSD e assim as apoiaram durante anos a fio, sem grandes problemas. Foi o ministro Sousa Franco, já falecido, conjuntamente com outros, vindos dos Estados Gerais, quem apoiou activamente estes privilegiados.


Foram estes políticos que sustentaram a bondade de tais medidas, como salvíficas e justificadíssimas, em debates parlamentares, registados e que não os deixam mentir. Mesmo assim, aldrabam, como se nada fosse com eles e os culpados fossem as vítimas.

Foram estes políticos apoiados então e agora, por este mesmo Vital Moreira que defenderam as medidas legislativas que conduziram a uma diferenciação de regimes nas várias funções públicas e que criaram corpos especiais, com grandes fundamentações preambulares nos decretos leis que os instituiram. Desde 1995 que as poderiam ter alterado e nunca o fizeram. Agora, consideram-nas como medidas de privilégio a abater quanto antes. Com uma argumentação hipócrita e nefanda: atirando-lhes o rótulo de "privilégios", para conquistar votos, na sociedade civil que inveja regalias de classe. Distraindo essa mesma sociedade civil, das verdadeiras, infames e injustas regalias, que residem, intocáveis, nos cargos públicos que esses mesmos políticos, incluindo o articulista, ocupam,sem que lhe seja reconhecido outro mérito que não o de apaniguados indefectíveis.

Foram estes mesmos indivíduos que entenderam nessa altura - contando com os votos certos de algumas dezenas de milhar de pessoas- que a função pública merecia uma atenção especial de dignificação, que passava necessariamente pela melhoria de estatuto remuneratório, traduzido também em diferenças de regime nas prestações sociais. São eles agora, quem entende que afinal tudo isso eram meros privilégios de “classe” a abater furiosamente com discursos na tomada de posse do governos. Tal como de facto aconteceu com este Sócrates, aplaudido freneticamente por este Vital, beneficiário pessoal deste governo e deste regime. Ele sim, um grande privilegiado, sem nada de especial que o recomendasse. Os privilégios pessoais e particulares deste indivíduo nada tem a ver com a iniciativa privada, tal como se entende a mesma, em regime que assim a conceba.

A iniciativa privada deste e doutros indivíduos, passa pelas empresas públicas e semi-públicas, administradas com critérios privados, mas à custa do erário público. Delas tiram réditos e delas tiram exemplos que aplicam às ideias peregrinas que defendem e mudam consoante o vento eleitoral.

Têm memória curta, estes indivíduos. Tanta quanta a moralidade com que defendem estas medidas para sanear as contas públicas que ajudaram em primeiro lugar a afundar. Porque foram exactamente outras medidas de carácter aleatório e de efeito perverso, defendidas e tomadas por eles, que contribuiram para afundar essas contas públicas e para agravar o défice das contas do Estado. No final de contas, foram essas medias que impediram a libertação de uma sociedade civil, ainda demasiado agarradas às saias da Administração pública que afinal aqueles mesmos, nunca largaram nem largarão.

Em vez de reconhecer o óbvio, preferem salientar o indispensável e útil argumento dos medíocres: a culpa é sempre dos outros. No caso, dos funcionários públicos, privilegiados acima de todos. Mesmo e principalmente, quando foram eles mesmos, os únicos e exclusivos obreiros, do panorama que agora pretendem radicalmenta mudar.

Na Saúde, quem instituiu as bases do sistema que temos? Na Educação quem definiu as leis de bases? Na Justiça, quem aprovou os estatutos e as leis?

Acaso, os ditos privilégios apareceram do nada e por força dos malvados sindicatos? Acaso, as ditas regalias, foram surripiadas aos orçamentos de estado, ao longo dos anos?

Se o não foram, porquê, então, agora, este discurso de terra queimada onde se colocam no pelourinho os beneficiários, sem atender nada de nada a quem os beneficiou e sem sequer apreciar se os privilégios o serão tanto assim?

Mas, por que razão especial se poupam ao pelourinho certas classes, como os professores universitários e políticos em geral, com destaque para os deputados em particular?

Há moralidade ou comem todos. Neste caso, porém, a moralidade é valor de pouco uso e sem troca à vista.

É preciso ter lata, mas a estes indivíduos sobra-lhes tal atavio. E vai ser preciso lembrar-lhes os nomes dos rosinhas e laranjinhas associados aos amarelinhos e a outras cores da sua classe particular, que afundaram esta barca da esperança que é o estado que temos, onde o interesse geral, pelos vistos e na acepção particular de democracia representativa, é definido apenas pelos eleitos.

Pois, então, se assim é, que sejam eles a pagar as contas e a sofrer em primeiro lugar as consequências dos erros. Como? Isso é fácil de explicar:

Proibindo indivíduos tipo Vital Moreira, de exercer funções públicas de nomeação política. Afastem-no do Estado que é indivíduo perigoso. Como muitos outros que aqui ficam em imagem e também nunca se darão por achados.

Foram eles, com muitos outros que nos trouxeram a este lugar de infortúnio. Ponham-lhes uns rótulos que digam, na altura das eleições:

Perigo! Não votar nestes indivíduos!
O problema, é que muitos deles, não sabem fazer outra coisa e outros, sabem mas não querem. Governar, é apenas o que pretendem. De preferência, em proveito de uns tantos...da mesma classe.

Imagens: revista do Expresso, de 18.3.1995

Publicado por josé 16:58:00 11 comentários