Ricardo Salgado

O Presidente do Grupo Espírito Santo foi ontem entrevistado por Judite de Sousa, na RTP/1, impondo-se algumas notas breves. A primeira para destacar a pose - distanciada, fria, calculada e imponente. Ricardo Salgado 'à moda antiga' preocupou-se em olhar para a jornalista, não para as câmaras, não esboçou emoções, não tentou parecer o que quer que seja, foi simplesmente. Gostanto-se ou não se gostando do que se ouviu, aquela pose, a postura, aristocrática até, é, hoje em dia, rara, muito rara. Viu-se um dos últimos de uma casta, de um tempo que acabou. Já quanto à entrevista concreta, regista-se a 'modéstia', a 'magnanimidade' e os eufemismos. Se há algo que o BES faz (bem ou mal) a concorrência também o faz (faltou explicar onde está a vantagem competitiva do BES) e quanto à 'influência' - ou 'outros' são afinal tão ao mais influentes e se fosse real, nas palavras de Ricardo Salgado, então os sobreiros e o 'resto' não estariam a acontecer. Ora, convinha explicar a Ricardo Salgado que a 'influência' de que se questionado era sobre os 'políticos' e que o poder judicial, às vezes, até é independente destes. Uma última nota para a generalidade dos resumos da comunicação social mainstream à entrevista - subservientes e patéticos. Bem vistas as coisas, Ricardo Salgado nem merecia isso. Ao menos ele, se cair - cairá de pé.

Publicado por Manuel 09:13:00  

6 Comments:

  1. Anónimo said...
    É a pose do banqueiro e do banco de todos os regimes em Portugal incluindo o actual.
    Infelizmente, também a condizer com o actual regime, não pessa de um vendedor da pátria a pataco...
    xatoo said...
    A juiza Cândida Almeida, depois de nos sossegar dizendo que “os niveis de corrupção em Portugal não são alarmantes” (CM,15/10) esclareceu-nos tambem que “não há acelerações ( nos processos que envolvem autarcas que foram candidatos); o TEMPO da acusação resulta da complexidade das investigações”. Ao contrário da Ciência que procura clarificar temas complexos tornando-os simples – a politica neoliberal vive de transformar irregularidades simples em trapaças complexas; mas,,,o "TEMPO" é escasso e não raras vezes se esgota antes que se faça justiça.

    subindo um degrau (ou vários) na hierarquia da Corrupção, vamos então aguardar o que a próxima Juiza enviada vai declarar às massas sobre este caso,,,
    sabine said...
    Belo texto! LOL LOL
    sabine said...
    ... E este post tem um estilo inconfundível, ao nível da melhor literatura. LOL LOL
    Anónimo said...
    Ah grande Manel. Não sei o que o BES lhe fez, mas que lhe fez alguma, fez concerteza. V. não lhes perdoa. Aprecio o seu ar distante e isento com que relata estas situações que envolvem o BES.
    C.M. said...
    Uma rectificação: Cândida Almeida não é Juíz, como erroneamente alguns comentadores afirmaram, mas sim Procuradora do Ministério Público: muito diferente...

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