uma pergunta

Se os titulares de cargos políticos, orgãos de soberania, tem, em nome da transparência, de apresentar ao Tribunal Constitucional as suas declarações de rendimentos e posses, e, sendo os magistrados, nomeadamente os juízes, também orgãos de soberania, porque é que, em nome da mesma transparência, e para acabar com algumas suspeições, as associações para-sindicais das magistraturas não propõe, ao Governo, que também os magistrados, todos, passam a apresentar regularmente as suas declarações de deve & haver ?

Publicado por Manuel 21:19:00 3 comentários  



"Cidadãos Quê?"

Após disponibilização do texto pelo seu autor, acto generoso que agradecemos, a última crónica de Eduardo Cintra Torres, publicada ontem no Público, e aqui referenciada, reproduz-se abaixo ...

Em 1 de Outubro um terrorista explodiu-se num bar turístico na Indonésia. Os seus últimos passos foram filmados por uma câmara de vídeo e divulgados dois dias depois. As imagens, por alguma razão, tinham um ar policial. Parecia que o operador da pequena câmara andava atrás do rapaz da mochila. Mas podiam ser amadoras. Vá-se lá saber. Captadas por polícia ou por turista, eram amadoras mas impressionantes.

A capacidade descritiva da imagem é enorme. No caso, vimos perfeitamente o ambiente descontraído do bar e a determinação do anónimo terrorista, escolhendo o ponto mais interior do bar para se imolar.

A importância que a imagem adquiriu na vida contemporânea é penetrante, literalmente penetrante: na medicina e cirurgia a imagem tem permitido avanços na detecção e correcção de doenças e no conhecimento do funcionamento do corpo. Nos últimos tempos noticiários mostraram imagens duma operação ao nariz facilitada pelo vídeo; antes foi uma operação aos olhos: uma câmara de TV mostrou-nos uma sala cheia de médicos que a viam num ecrã gigante – os nossos olhos viram oftalmologistas olhando para imagens de um oftalmologista operando aos olhos... Seis olhares, seis imagens: a do doente, a do cirurgião, a da câmara, a dos médicos na sala, a da câmara de TV na sala, a do espectador em casa: haverá melhor exemplo da penetração da imagem – a visão em segunda mão  na vida quotidiana e profissional?

As imagens permitem até o reencantamento dos indivíduos, o regresso de um encanto perdido pelo cinismo que a informação massiva estimula: caso das imagens da National Geographic Society mostrando (e animando) a fecundação de um óvulo e o crescimento do feto e permitindo aos telejornais frases como a de que «os fetos abrem os olhos muito mais cedo do que se pensava anteriormente»  quer dizer, a «imagem» devolvendo um encantamento com a vida que a «ciência» havia obliterado.

Mas voltemos à Indonésia, entremos no metro de Londres em 7 de Julho ou vejamos o maremoto de 2004 no Índico: as imagens amadoras substituem o relato posterior por testemunhas. São as imagens que narram. Desta forma, elas substituem parte do trabalho do jornalista. Mesmo em diferido, este tipo de imagens mostra o acontecimento acontecendo. A narração por palavras, mesmo em directo, não obtém o mesmo efeito de veracidade.

Este poder intenso das imagens, o «ter-estado-lá», como escrevia Roland Barthes a propósito da fotografia, tem confundido a reflexão sobre a evolução do jornalismo e contribuiu para se desenvolver o conceito de «cidadão-jornalista». Para simplificar, digamos que no limite será cidadão-jornalista quem grava imagens de um acontecimento imprevisto com o seu telemóvel. As crescentes literacia mediática e possibilidade participativa das pessoas no «espaço público» através dos novos e velhos media levaram ao desenvolvimento do conceito de cidadão-jornalista contribuindo para a feitura das próprias notícias e comentários, como defendem Steve Outing (www.poynter.org) ou Dan Gillmor em Nós, os Media (Ed.Presença, 2005). O primeiro é um Moisés que escreveu tábuas (mas com 11 mandamentos) sobre como desenvolver a participação dos cidadãos no trabalho jornalístico. O segundo escreveu um daqueles livros americanos de estilo messiânico nos quais se vão repetindo até à exaustão do leitor as ideias principais.

Dado que uma característica fundamental do indivíduo social americano é agir como os outros querem que ele aja, este movimento messiânico de «nós os media» prevê uma forte intromissão criativa dos leitores, incluindo no próprio livro de Gillmor, que inclui várias páginas com centenas de nomes de pessoas que de alguma forma contribuíram para o resultado final publicado. Em última instância, o «cidadão» substitui o «jornalista» para bem de todos.

É certo que as novas tecnologias possibilitaram uma maior participação dos cidadãos nos media tradicionais e permitiram-lhes criar os seus próprios media, como os blogues. Isso contribui para aprofundar a democracia, para um alargamento do espaço público. Mas há uma forte deriva de determinismo tecnológico neste conceito que abarca ao mesmo tempo o jornalista dum jornal, o turista do telemóvel que filma o tsunami e o autor de um blogue diário. Não é por acaso que Gillmor escreve, com mais certeza do que um pastorinho em Fátima: «Não tenho dúvidas de que a tecnologia acabará por vencer» (p.229). Mesmo o título do livro, Nós, os Media, faz do cidadão uma tecnologia (media) e não um autor de conteúdos, que é o que um jornalista é.

Mas se é cidadão-jornalista aquele que enviou imagens do atentado no Metro de Londres, como defendeu um dirigente da BBC (em 06.10), também o deveria ser o habitual informador verbal dos jornalistas. Por exemplo, a mulher que descreveu para a CBS o embate do primeiro avião nas Torres Gémeas ou a mulher que descreveu para a RTP o som da derrocada da ponte de Entre-os-Rios e os faróis acesos afundando-se no Douro. Essas pessoas usaram a velha palavra e uma tecnologia antiga – o telefone – para participar na informação. As pessoas que descrevem um incêndio para a câmara profissional ou para um bloco-de-notas dum jornalista também participam na feitura da notícia com a sua narrativa pessoal. Por que raio se chama jornalista ao transeunte que faz umas imagens no metro de Londres e não à velhota que telefona para a SIC a dizer que há mais um incêndio no seu concelho?

Se o nível de participação é diferente, a função do narrador in loco ou do indivíduo que grava um ataque terrorista no telemóvel é a mesma. O primeiro existe há séculos. O segundo há cinco anos. E todavia, porque o contributo de um é oral e do outro visual são considerados diferentemente pelos teóricos do cidadão-jornalista. Como um reage ao jornalista e o outro o interpela, ou por usarem técnicas diferentes de informação, são considerados diferentemente.
No caso da TV, media que predomina nas tragédias comunitárias, são valorizados os contributos com imagem. Mas as pessoas que contribuem para ao notícia dificilmente se podem chamar cidadãos-jornalistas. São testemunhas circunstanciais. São fontes. Distinguem-se umas das outras pelo suporte do testemunho: a memória, que é subjectiva, ou a imagem, que é «independente» da pessoa que a grava, que é aparentemente objectiva e manuseável pelo media.

Publicado por Manuel 20:50:00 0 comentários  



double standards

Eu acho muito bem que se explique tim-tim-por-tim-tim toda a história de Felgueiras, 'doa' a quem doer. Acho-o desde muito antes de esta estar sequer no mapa. Convém é que haja, Paulo, um mínimo de coerência, e uniformidade de critérios. Afinal, sobre o boicote do DCIAP de Cândida Almeida às 'sugestões' de prisão de Joaquim Raposo, o 'patrão' da Área Metropolitana de Lisboa, e não só, denunciado na última Visão, ninguém levantou um dedo. Até já vi, num passado recente, defender que Isaltino, de Oeiras, era 'diferente' de Fátima e Valentim, esses dois da 'província'. Com Raposo, da Amadora, a história repete-se. Depois espantem-se por o discurso da santinha da ladeira felgueirense colar em Felgueiras, e arredores. De facto, ela até tem razão - 'se os outros se safam todos porquê eu?!'. Sim! Porquê ela ? Quanto a Souto Moura 'isso é lá com eles'...

Publicado por Manuel 20:41:00 1 comentários  



a educação

Graças ao manifesto de Cavaco, primeiro, e a uma violenta prosa de Pulido Valente, ontem no Público, depois, a questão educativa voltou à tona. Acontece que o problema, em Portugal, não tem nada a ver com a 'qualificação', nada. Tem antes a ver com um de exigência, e de mérito. A treta da qualificação foi usada recorrentemente para atrasar a entrada no mercado de trabalho e manter o desemprego artificialmente baixo, ponto. Nunca houve qualquer vontade de qualificar, o que interessou sempre foram as estatísticas, os canudos e títulos que apenas, na esmagadora maioria dos casos, garantem o desemprego. Nada nem ninguém é avaliado em Portugal. Magistrados, médicos, professores, é tudo 'muito bom', não por o serem mas para defender a 'honra' da 'classe', o 'prestígio'. Se se quer atacar o problema a sério, que tal começar por defender a avaliação rigorosa dos professores, e dos locais onde estes são formados, públicos e privados ? Há-os a mais, e se não sabem, não podem ensinar bem, ponto. O resto é conversa.

Publicado por Manuel 19:57:00 3 comentários  



o tutor

É curiosa a imagem que tantos, neste país, à esquerda tem de José Sócrates, líder do PS e primeiro-ministro. Acham-no, os 'seus', um incapaz, sem vontade própria, e fruto absoluto das circunstâncias. Só assim, só mesmo assim a esta luz, se podem compreender as afirmações de um dos mais 'esclarecidos', nas palavras de Medeiros Ferreira, apoiantes de Mário Soares, Mário Mesquita, quando este diz, sem papas na língua, que Cavaco, eleito, não vai obstaculizar coisíssima nenhuma mas 'apenas' 'potenciar o pior de Sócrates'. No fundo, reduzem as presidenciais a um exercício doméstico para determinar que vai ser o tutor de Sócrates.

Publicado por Manuel 19:16:00 1 comentários  



um manifesto

É verdade, ninguém vai votar neste ou naquele candidato presidencial, por causa do seu manifesto eleitoral. Dito isto, o Manifesto Eleitoral de Cavaco Silva, que podia muito bem ser assinado por Alegre ou Soares, enferma de um vício substantivo grave. Vamos por partes, Cavaco Silva, depois de ter abandonado a chefia do governo, chegou onde chegou, quer nas sondagens, quer na imagem que dele tem os portugueses, não por ser politicamente correcto, ou um a espécie de guardião do regime, mas porque os portugueses se habituaram a ver nele alguém que falando pouco, quando falava, falava de questões importantes, sem paninhos quentes e independentemente destas agradarem ou não ao 'sistema'. É essa a imagem que os portugueses tem mais presente de Cavaco, alguém que, estando na política, não se rege pela lógica rasteira desta, e se limita a ser igual a sí próprio. É pois algo penoso ver agora Cavaco pintado como o maior gardião dos lugares comuns do regime, 'embrulhado' até como mais soarista, na acepção delicodoce da palavra, que o próprio Dr. Soares. No seu manifesto Cavaco só tinha que dizer que respeitava a natureza semi-presidencial do regime mas, que, quanto ao resto, esta precisava de ser aperfeiçoada, comprometendo-se, uma vez eleito, a não só não inviabilizar o debate necessário como a impulsioná-lo, sobre a reforma do sistema politico, a reforma administrativa, etc, à semelhança do que defendeu aliás Gomes Canotilho há 2 semanas atrás. Cavaco não precisava, nem havia necessidade, de aparecer, à imagem e semelhança de Soares, como guardião de todos os axiomas do regime, inclusivé dos mais obtusos. As luminárias, especialistas em 'comunicação', que convenceram Cavaco de que é 'assim' que ele chega a Belém, prestaram-lhe um péssimo serviço. Porque, é antes 'assim' que se dá espaço a Soares, e seus acólitos, quando estes dizem que Cavaco é politico... como 'eles', até usa as mesmas 'agências de comunicação' que 'eles' (a LPM que fez a campanha de Sócrates), com toda a carga que isso implica. A mais valia de Cavaco é nunca, no melhor e no pior, ter sido igual aos outros, pelo que se estranha que o queiram apresentar agora como uma espécie de primeiro entre iguais. A sorte de Cavaco é mesmo os portugueses conhecerem-no.

Publicado por Manuel 18:35:00 0 comentários  



um nome


José Luís Lopes da Mota.

Procurador Geral Adjunto. Foi também secretário de Estado da Justiça, de Vera Jardim, num governo de Guterres, e, enquanto membro do MP, esteve vários anos estacionado em Felgueiras. Cunha Rodrigues levou-o para a Europa, onde, em Haia faz a ligação entre as autoridades judiciárias portuguesas e a Eurojust, um órgão da UE promotor da coordenação do combate à criminalidade grave transnacional. José Luís Lopes da Mota é suspeito de ter fornecido a Fátima Felgueiras uma cópia da denúncia original enviada a Cunha Rodrigues, numa altura em que a PJ de Braga não tinha iniciado sequer as investigações...

Publicado por Manuel 17:33:00 0 comentários  



uma vergonha

PS e PSD tinham tudo para ter evitar que, em Felgueiras, o poder de Fátima Felgueiras fosse absoluto. Tinham tudo, mas não tiveram. Fátima Felgueiras elegeu quem quis para a presidência da Assembleia Municipal de Felgueiras onde, aritmericamente, estava em clara minoria. Num cenário de 31 eleitos para o PSD, 19 para o PS e 15 para o movimento Sempre Presente, o que seria mais lógico acontecer seria a vitória do PSD isto se todos fossem fiéis aos seus principios e valores e acima de tudo à força política pela qual foram eleitos. No final verificaram-se 25 votos (mais 10) para o movimento Sempre Presente, 24 (menos 7) para o PSD e 16 (menos 3) para o PS. Palavras para quê ?

Publicado por Manuel 17:02:00 1 comentários  



um desenho

Há por aí muita alminha que angélica e convenientemente não percebe o interesse prático, que podem ter, no tempo presente, eventos passados nos anos 80 em Macau. Julgam até, comoventemente, que tudo não passa de uma cabala para fazer chincalha política com o Dr. Soares, ou com um outro desgraçado, conjunturalmente ministro da justiça. Acontece que se Soares, nisto, é hoje uma nota de rodapé, sem interferência real no 'terreno', o mesmo não se pode dizer dos 'herdeiros' da 'operação'. Saber do que se passou em Macau, antes, durante e após o caso emaudio/fax/melancia é fundamental para perceber fenómenos tão diversos como o da generosa indemnização à Eurominas, as constantes piruetas do Dr. Vitorino, até os ruidosos silêncios e omissões do Prof. Marcelo, para não falar do Dr. Coelho ou da vitalícia permanência de Cândida Almeida no DCIAP... Até o extraordinário à vontade com que um tal Almeida Lopes, juiz do STA, ajudou, impunemente, Fátima Felgueiras pode ser atribuído ao efeito Macau, pasme-se...

Publicado por Manuel 16:30:00 2 comentários  


Le ministre de l'intérieur ­ et président de l'UMP ­ persiste et signe. Alors que la tonalité martiale de ses propos sur les banlieues est contestée jusque dans les rangs du gouvernement, Nicolas Sarkozy tient à rester en première ligne. Sans se départir d'un langage d'une extrême fermeté. Intervenu publiquement à plusieurs reprises, depuis cinq jours, au sujet des émeutes qui ont suivi la mort de deux adolescents à Clichy-sous-Bois (Seine-Saint-Denis), le ministre était l'invité du journal de 20 heures de TF1, dimanche 30 octobre. M. Sarkozy a prôné la "tolérance zéro" en matière de violences urbaines, qui feront l'objet d'un indicateur mensuel. Il a rappelé sa volonté de mobiliser dans les quartiers sensibles 17 compagnies de CRS et 7 escadrons de gendarmes mobiles.

Le Monde

Publicado por Nino 16:28:00 0 comentários  



O regresso de Maria Rita

Me leva no teu bumbá,
me leva Leva que quero ver meu pai

Caminho bordado a fé, caminho das águas
Me leva que quero ver meu pai.

A barca segue seu rumo lenta,
Como quem já não quer mais chegar

Como quem se acostumou no canto das águas
Como quem já não quer mais voltar;

Os olhos da morena bonita,
Aguenta que to chegando já
Na roda conta com seu,
Ouvira a zabumba
Me leva que quero ver meu pai.

Me leva no teu bumbá, me leva
Leva que quero ver meu pai

«Caminho das Águas», tema de apresentação de «Segundo», o mais recente álbum de Maria Rita.
Um regresso há muito aguardado, que a Grande Loja saúda. Maria Rita, filha da grande Elis Regina, confirma-se como a maior revelação dos últimos anos do riquíssimo mundo da Música Popular Brasileira (embora sejam de destacar nomes como Vanessa da Mata, Ana Carolina, Seu Jorge, entre outros). Que venham muitos mais trabalhos como os dois primeiros desta cantora versátil, com um timbre de voz personalizado e um jeito muito especial de interpretar. Herança materna, por certo, mas com um cunho pessoal que embeleza o estilo e a torna uma digna sucessora da raínha da música brasileira.

No primeiro trabalho, a marca de Milton Nascimento ajudou-a a chegar a registos muito próximos dos de Elis Regina, ao alternar a melancolia («Encontros e Despedidas») com a euforia («Lavadeira do Rio»). Em «Segundo», Maria Rita assume o seu próprio caminho: com a ajuda de Lenine, um dos músicos mais originais e interessantes do novo caleidoscópio brasileiro, a jovem cantora reforça a ideia de que cada álbum que apresentar na sua carreira será de audição obrigatória.

Publicado por André 16:21:00 1 comentários  



Super-heróis?

A RTP 1 passou ontem uma reportagem idiota sobre a "blogosfera presidencial". A menina que preparou o texto, andou pelos "blogues" ditos não oficiais de apoio aos candidatos e pelas "páginas" já "abertas" pelas candidaturas. O "super -Mário" e um "mega-Cavaco" - parece que é assim que se chama -, tiveram lugar de destaque, aparentemente por apelarem ao "imaginário" infantil dos espectadores e dos eventuais leitores. A menina da reportagem, se tivesse perdido algum tempo a investigar, veria que não é nesses "blogues" que se anda a discutir o que é preciso discutir nestas eleições: política. Os candidatos presidenciais não são "super-heróis" dos cromos que a imagem analfabeta da reportagem tentou passar cá para fora, menosprezando o debate que ocorre na blogosfera mais crescidinha. A rematar, avisou que as eleições presidenciais "passam" pelas ruas e pelos meios tradicionais de comunicação social e não pela "net". Lembrou-me uma frase de um humorista brasileiro que cito muitas vezes. Mais vale estar calado e passar por parvo, do que abrir a boca e acabar com as dúvidas.

Adenda: No mesmo sentido, o Elba Everywhere.

Publicado por João Gonçalves 15:58:00 0 comentários  



uma nota

Há não muito tempo atrás, António Duarte e Marco Ferreira, publicaram aqui, nesta Loja, e em stéreo no Expresso, não só crítico em relação à opção pelo aeroporto da Ota, mas com uma solução alternativa, mais sensata, viável, e infinitamente mais barata. O artigo entitulava-se ''Ota é um erro histórico" e praticamente ninguém ligou, até ontem. Espera-se que agora, exactamente 2 meses e um dia depois, que o Eng. Belmiro de Azevedo, que ao contrário dos 'anónimos' autores do texto toda a gente conhece,veio defender precisamente a mesma tese, vide a entrevista ao Diga Lá Excelência transcrita hoje no Público, esta seja levada um 'bocadinho' mais a sério. Estamos, afinal, a falar de um desperdício potencial de 5 000 milhões de euros.

Publicado por Manuel 15:57:00 1 comentários  



uma ilusão

Um retrato da nossa élite do poder

Somem-se os nomes das Comissões de Honra de Soares e Cavaco, e dá mais de mil nomes, que são um retrato de quem manda em Portugal. Do establishment. Do "quem é quem". Somem-se mais meia dúzia de nomes, mais os militares no activo, juízes e embaixadores, alguns jornalistas, mais a hierarquia da Igreja, e está toda a nossa elite. Quem manda.

José Pacheco Pereira

Pacheco está errado
, mais uma vez. Quem 'manda', quem decide, quem tem o 'poder', mais até que o 'dinheiro', na sua esmagadora maioria, não aparece em nenhuma das Comissões de 'honra'. Nas comissões aparecem os capatazes, os feitores, os testas de ferro. Não perceber isto, é não perceber nada.

Publicado por Manuel 15:12:00 0 comentários  



Novo Paradigma na Segurança Social

Resolver a questão da Segurança Social é um passo decisivo para Portugal. Por muito meritórias que sejam as medidas que o Governo agora implementou, elas são apenas paliativas e com um único objectivo adiar a resolução do problema. Com base em tendências demográficas relativas à população activa, teremos um diferencial negativo entre as pensões e contribuições em quase 10% do PIB, a partir de 2020. Prova irrefutável da falência do sistema. Esta é a verdade.

A questão é que, com a manutenção do modelo actual, estamos a acumular passivos não cobertos. Assim, a reforma da gestão da Segurança Social deveria funcionar assente em três pilares. O primeiro, resultará do pagamento por parte do Estado de uma pensão única, igual para todos os contribuintes que tenham completado 65 anos de idade e 35 anos de descontos. O valor desta pensão será sempre igual ao salário mínimo nacional vigente à data. Para isto, pedir-se-á aos contribuintes que descontem 6,00% do seu salário. O segundo, resultará do pagamento por parte de fundos de pensões - através de contas individuais de capitalização (CIC) - de um complemento de reforma de forma obrigatória. Para isto, pedir-se-á aos contribuintes que descontem 5,5% do seu salário para a sua CIC. O terceiro, assente em entregas suplementares não obrigatórias, para as contas individuais de capitalização.

Se para os contribuintes futuros este modelo se inicia automaticamente aquando do início de descontos, para os actuais contribuintes a transferência de contribuintes activos para o sistema privado far-se-á sempre pela proporção da melhor metade do total do número de anos de descontos. Sobre esta proporção serão transferidos 5,5 % para a CIC, valor que alterará para quem tem mais de 30 anos de descontos.

Passará a existir uma menor propensão à entrada na economia paralela, uma vez que os descontos serão vistos como um investimento futuro. Logo é de todo o interesse que maior seja o valor tributável. Com a transferência de pensões para os privados fica assegurado uma maior rentabilidade dos activos sob gestão e logo uma maior rentabilidade para os aforradores.

Para o custo das transferências e para o pagamento das pensões actuais, o Estado adoptará a emissão de títulos da dívida pública, caso necessário para o primeiro, e a securitização do pagamento de pensões, com evidentes diminuições das necessidades de financiamento.

Ao contrário de todas as medidas tomadas até hoje, esta não coloca em causa o crescimento da economia, não agrava fiscalmente os contribuintes e incentiva ao abandono da economia paralela. Melhor, resolve o problema crónico.

A securitização permitirá ao Estado transferir a obrigatoriedade do pagamento de pensões para terceiros, que, devidamente remunerados, irão financiar-se através da emissão de títulos no mercado. Poderá, inclusive, diferenciar-se as pensões com maior durabilidade face à esperança média de vida e atribuir-lhes maior rentabilidade. No final, o reembolso aos investidores será garantido pelos sucessivos cash flows positivos que o Estado obterá entre o desconto de 7,00% de quem ganha o salário mínimo e os 7,00% de quem ganha 10 salários mínimos, quando a ambos pagará apenas a pensão igual ao salário mínimo. Acresce a isto a brutal dinamização do mercado de capitais.

Não se compreende se é por incapacidade técnica ou se por falta de coragem que o Governo recusa este caminho. Aqui fica o desafio, e que o debate seja lançado, pois o futuro de Portugal não só pode, como deve ser melhor.

Nota Este artigo faz parte de um estudo intitulado "Um Novo Paradigma da Segurança Social" elaborado por António Duarte (economista) e Marco Capitão Ferreira (docente universitário)

Publicado hoje no Suplemento Negócios do DN

Publicado por António Duarte 10:28:00 2 comentários  



O Cofre

A presidência do Conselho de Ministros, hoje, distribuiu à comunicação social uma nota a dizer que...

O Primeiro-Ministro não beneficia dos Serviços Sociais da Presidência do Conselho de Ministros. Na verdade, o acesso aos benefícios dos referidos Serviços Sociais depende de inscrição, sendo que o Primeiro-Ministro não está, nem nunca esteve, inscrito naqueles Serviços, pelo que não é deles beneficiário.
Pois está bem. Não quer beneficiar, é lá com o nosso primeiro. Será rico, talvez. Mas podia aproveitar... e é aí que reside a questão. E quanto vale o orçamento para os SSPCM? É assim tão pobrezinho, como dizem?!

Por falar em rico, observem bem estas contas que sairam destas reflexões em verbo jurídico

Permitam-me os cidadãos livres e independentes pensadores, que lhes chame a atenção para o valor orçamentado para os Serviços de Apoio, Estudos e Coordenação da Presidência do Conselho de Ministros: €2.694.539.529,00. Confesso que, quando vi este número, pensei que fosse um erro ou uma enorme brincadeira de mau gosto. No entanto, não deixa de ser significativo de que a soma de todas as parcelas prevista nos Encargos Gerais do Estado acabem por dar este valor por certo.

Agora, e sem analisar os restantes itens, perguntamos:
  • 1. Mas [o que] fazem estes serviços de apoio ao Conselho de Ministros para terem orçamentado para um ano, quase o valor da construção do aeroporto da OTA?
  • 2. Qual a riqueza que este organismo do Estado cria anualmente para justificar a atribuição de tal faraónica verba?
  • 3. Como é possível que um gabinete de apoio ao Conselho de Ministros possa ter um orçamento equivalente à soma do orçamento previsto para a JUSTIÇA e DEFESA NACIONAL?
  • 3. Então, nós pagamos impostos para sustentar […] tecnocratas que fazem estudos e dão apoio ao Conselho de Ministros ou pagamos impostos para ter Saúde, Justiça, Segurança, etc.?
  • 4. Será que não haveria uma empresa privada que realizasse os mesmos serviços por um décimo do valor? E que serviços serão estes?
  • 5. Que país (rico) é este em que o valor orçamentado para a Ciência, Tecnologia e Ensino Superior é, no seu conjunto (€1.531.793.381,00), escandalosamente inferior ao previsto para os Serviços de Apoio, Estudos e Coordenaçào da Presidência do Conselho de Ministros? Isto já para nem comparar com a verba prevista para a CULTURA, uns “míseros” €189.705.371,00) …

Deixo um desafio, a todos aqueles que nos honram ao ler estas linhas, para analisarem esse mapa com atenção… comparem umas despesas com outras, pois certamente chegarão a brilhantes “pérolas”. Quanto a nós, para além destas nossas “descobertas” existe algo que nos preocupa profundamente e que não vem no OE de 2006. Referimo-nos, pois claro, ao Silêncio.

Em primeiro lugar, silêncio da Oposição, que deveria pedir contas ao Governo dos motivos para que estas verbas estão atribuídas e que só se preocupa em arranjar argumentos que, na nossa opinião e perante estes números, são areia para os olhos dos portugueses. Nenhum partido político, nenhuma bancada parlamente, nenhum deputado, teve o bom-senso de olhar para estes números e perguntar porque os Serviços de Apoio do Conselho de Ministros tem direito a dois MIL milhões e seiscentos milhões de euros para gastar num ano. Daqui se retira que... Ou não viram, Ou não quiseram ver, Ou viram e acharam normal.

Publicado por josé 00:34:00 4 comentários  



Fazia-te, se pudesse e se beneficiasse dos Serviços Sociais da Justiça e da Presidência do Conselho de Ministros (estes têm creche), um filho



Soraia Chaves, à margem do Crime do Padre Amaro

Publicado por Carlos 00:12:00 1 comentários  



Otello...

... De Giuseppe Verdi, para ver no Teatro Nacional de São Carlos, a partir de amanhã, 31 de Outubro, e dias 2, 4, 6 e 10 de Novembro. Libreto de Arrigo Boito, baseado na tragédia 'Othello, The Moor of Venice', de William Shakespeare. A direcção musical pertence a Antonio Pirolli, a encenação é de Nicolas Joel e a cenografia de Ezio Frigerio. Os cenários e figurinos são do "Théâtre du Capitole de Toulouse". Cantam, entre outros: Mario Malagnini, Otello; Dimitra Theodossiou, Desdemona; Carlo Guelfi, Jago; Carlos Guilherme, Cassio; Carlo Cigni, Ludovico. Toca a Orquestra Sinfónica Portuguesa com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos. 'Otello' regressa ao São Carlos depois de, em 1989, Placido Domingo lhe ter dado voz, naquela que foi a única presença do tenor no nosso teatro lírico. É a primeira de um conjunto de óperas que Paolo Pinamonti escolheu para uma temporada que, se não existirem os habituais trambolhões por causa dos "dinheiros", se anuncia auspiciosa. Destaco Otello por, além disso, ser uma das minhas óperas preferidas. Como sugestão discográfica, considero imperdível a versão "ao vivo" - primeiramente ouvida, em "vinil", na casa do saudoso José Ribeiro da Fonte - captada no Teatro alla Scala de Milão, em 1976, dirigida por Carlos Kleiber, com Placido Domingo (a estreia no papel titular), Mirella Freni e Piero Cappuccilli, todos no auge das suas carreiras. Também recomendo as versões onde aparecem os tenores americanos Jon Vickers e James Mckracken, seguramente dois dos maiores "Otellos" do século passado. Ou ainda o Otello de Herbert von Karajan, com Mario del Monaco e Renata Tebaldi (existe uma outra gravação de Karajan, magnificamente dirigida e musicalmente fabulosa, com a Freni e com Vickers, porém "estragada" por um inexplicável Jago de Peter Glossop). Escrevo de cor. Coisas da idade.

Publicado por João Gonçalves 22:41:00 0 comentários  



Engenheiros

Vasco Pulido Valente, na sua crónica de hoje do Público, realçada até por Marcelo R. Sousa na RTP/1, fala sucintamente sobre a Educação em Portugal, a propósito da noticiada fuga de “cérebros” do país. Diz a dado passo...

(…) perguntam como Portugal chegou ao que chegou. Chegou assim: com políticas de uma inimaginável estupidez, conduzidas por meia dúzia de indivíduos que ignoravam militantemente a história e a realidade do país e se aplicavam a imitar o que se fazia lá fora e, em particular, o que se fazia na “Europa”. Os responsáveis são conhecidos. Pela parte “técnica”, Veiga Simão, Fraústo da Silva, Roberto Carneiro e Marçal Grilo e, agora, Mariano Gago. Pela parte do governo, Cavaco e António Guterres, que envenenou tudo em que tocou. Infelizmente nem perante o desastre se aprendeu a lição. De Cavaco a Sócrates, com uma persistência que roça o patológico, o regime continua a repetir que Portugal precisa antes de mais nada de “qualificação” e “formação”. Já se percebeu há quase meio século que não vale a pena sobreeducar sociedades com um mercado de emprego semi-arcaico, porque as competências, sejam elas quais forem, de facto desnecessárias, desandam para onde as podem usar e, naturalmente, lhes pagam bem. (…) E a história não acaba aqui. O Estado criou ou permitiu que se criasse uma enorme e abstrusa máquina, que vai do pré-escolar ao ensino superior oficial ( hoje irremediavelmente degradado) e do colégio católico com subsídio por cabeça ao comércio vil de universidades privadas que são uma vergonha nacional. E como o produto dessa máquina é largamente inútil, o Estado, para disfarçar a calamidade que ele próprio promoveu, mete inúteis num funcionalismo público igualmente inútil, que nos levou à calamidade maior da crise orçamental e da estagnação económica. A moral a tirar desta comédia sem desculpa é a de que o dr. Cavaco tem razão: nós gostamos mesmo da moeda má.

Em tempos, coligi informação sobre os nossos ministros da Educação ao longo dos anos. Temos assim...

Roberto Carneiro, licenciado em Engenharia Química, acumulou cursos de formação na área da educação ! Foi ministro da dita entre 1987 e 1991, perfazendo a legislatura e é professor na UC. Antes dele, outro licenciado em Eng. Química, J. J. Fraústo da Silva, também foi o ministro da educação, entre 1982-83 e entre 1968 e 1973, foi presidente do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação. Veiga Simão, ministro da Educação no antigo regime, é formado em Física. Em 1978, mandou no Ministério da Educação, Carlos Lloyd Braga, eng. Químico. Antes de Vítor Pereira Cresco, engº químico, mandar, entre 1980 e 1982, estiveram lá, Valente de Oliveira e Veiga da Cunha, engenheiros. A seguir, em 1982, esteve lá Fraústo da Silva, eng.º químico e depois veio Diamantino Durão, catedrático de engenharia no Técnico. Só em 1993, até 1995, esteve lá um letrado - o falecido José Augusto Seabra, tendo sido substituido por João de Deus Pinheiro... eng.º químico! De 1992 a 1995, ocaso do cavaquismo, a batuta pertenceu ao engº Couto dos Santos e à inefável Ferreira Leite, versada em economia. Desde essa altura e até 1999, a pasta foi carregada pelo engº mecânico Marçal Grilo que fez a legislatura, sendo aliás o único, a par de Roberto Carneiro, antes dele, a cumprir a tarefa até ao fim e por isso a ter toda a margem de manobra para as mudanças. A seguir ao Grilo, veio Júlio Pedrosa, engº químico! E depois dele, a história já é contemporânea - um especialista em sociologia económica (David Justino) e uma engª mecânica (Graça Carvalho). Actualmente, Maria de Lurdes Rodrigues, é… socióloga!

Pode assim dizer-se que em Portugal, nas últimas décadas, à cabeça do ministério da Educação esteve quase sempre a engenharia, com predomínio da química!

Publicado por josé 22:03:00 5 comentários  



uma habilidade

Em nome da ecologia e da proteção do ambiente mexeu-se na fórmula do Imposto Automóvel. Como resultado carros baratos e utilitários são mais atingidos que muitos modelos de luxo. Mais valia ser honesto e dizer simplesmente que eram necessárias mais receitas e que se ia aumentar o IA, tout court.

Publicado por Manuel 20:05:00 3 comentários  



o cidadão-jornalista

A ler o texto de hoje assinado por Eduardo Cintra Torres no Público,uma das mais notáveis reflexões, made in Portugal, sobre o novo mundo 'pós-McLuhan'. A ler por políticos, p0r jornalistas, por aqueles que se julgam donos da verdade, e por todos aqueles que se julgam sem voz.

Publicado por Manuel 19:56:00 1 comentários  



um detalhe


O Ministério da Justiça pagou entre Janeiro a Junho deste ano mais de 500 mil euros de renda à Amorim Imobiliária por umas instalações vazias no Sintra Business Park.

Publicado por Manuel 19:22:00 1 comentários  



uma contra-análise

A contra-análise de Rui Pena Pires a uma 'manchete' recente. Fuga de cérebros e notícias sem cérebro. Como nota de rodapé registe-se que Pena Pires é companheiro da actual ministra da educação.

Publicado por Manuel 19:09:00 1 comentários  



uma metamorfose
...pelo menos para quem andava distraído

Rui Rio foi reeleito com maioria absoluta. Na sua primeira entrevista evita esclarecimento sobre o futuro presidente da Junta Metropolitana, deixa antever que Valentim Loureiro deverá continuar à frente da Metro, realça a coragem de Sócrates, rejeita eleições no PSD e abre a porta a negociações sobre as construções no Parque da Cidade. [a ler no JN]

Publicado por Manuel 18:36:00 0 comentários  



uma entrevista

a não perder, a de Belmiro de Azevedo, ao Diga lá Excelêcia.

Belmiro de Azevedo discorda «totalmente» da construção de um novo aeroporto na Ota e da implementação da linha ferroviária de alta velocidade TGV. Em entrevista ao programa «Diga Lá, Excelência», da Rádio Renascença e jornal Público, o patrão da Sonae apresenta sugestões de investimentos que, na sua óptica, seriam muito mais úteis para o país. Comboios de mercadorias a ligar Sines a Madrid e a divisão do tráfego aéreo pelo Porto, Alverca, Montijo, Beja e Faro, para aliviar o Aeroporto de Lisboa, seriam as opções de Belmiro.

O empresário comentou ainda a política nacional. Para Belmiro de Azevedo, foi Santana Lopes quem «ofereceu» o cargo de primeiro-ministro a José Sócrates. Quanto à prestação do actual chefe do Governo, apesar do «grande esforço», o empresário considera que Sócrates ainda não tomou nenhuma «grande decisão estratégica importante». Quanto à proposta de Orçamento de Estado para 2006, Belmiro de Azevedo advoga que carece de componente estratégica e que as previsões para as exportações são irrealistas. «Não pode haver aumento de exportações sem produto em quantidade, com qualidade e competitivo globalmente», sustenta.

Numa altura em que se fala na necessidade de reduzir o número funcionários públicos, o empresário diz que é preciso começar a resolver a situação e critica o discurso do Governo de que não vão haver despedimentos. «Temos de ter respeito pelos 750 mil trabalhadores, mas também temos de ter consciência de que há 200 ou 250 [mil] a mais», sublinha. (...) [resumo do Portugal Diário]

Publicado por Manuel 17:05:00 0 comentários  



um recado

A Osvaldo de Castro, emérito jurista Presidente da Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias da Aassembleia da República, e deputado eleito pelo Partido Socialista, para que arranje, e rapidamente, outro entretenimento a um seu 'subalterno' que, com excesso de tempo livre e a expensas dos contribuintes, se entretem a inundar, ora como 'nónó', ora como 'pisca-pisca', as nossas caixas de comentários com propaganda pró-governamental. Se a cassete, e o copy/paste, não fosse sempre, e literalmente, a mesma, a coisa ainda teria piada, assim não tem. Percebido ?

Publicado por Manuel 16:30:00 0 comentários  



uma constatação

Joaquim Vieira, ex-director da Grande Reportagem, e autor, recentemente, de uma série de prosas sobre o affair Rui Mateus/fax/Melância/Macau/Soares, é, por estes dias, elevado ao panteão dos heróis nacionais. E é-o, não pela sua coragem, não pelo que escreveu, ao qual quase ninguém ligou patavina, e devia..., mas por ter sido despedido. O homem escreveu sobre Macau, atacando Soares, logo Macau foi a causa da sua 'queda'. Eu, por acaso, até acho que as prosas relativas a Macau, e ao livro de Rui Mateus, tiveram pouco peso nos motivos últimos do despedimento, mas isso para o caso pouco interessa. Pouco interessa porque de facto se continua, cobardemente, a discutir o lateral. Discute-se a queda de Vieira, e aventa-se, en passant, a razão eventual, mas não há coragem de discutir aquela, a sério, e até às últimas consequências, não se vá ser também 'despedido'. No fundo, no fundo, 'heróis' que sejam os outros. Portugal também é assim.

Publicado por Manuel 16:15:00 0 comentários  



Gato escondido...

Uma vez que um mais do que emérito jurista, pediu para ser publicado o esclarecimento da Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias da AR, em resposta à crónica de José António Lima, no Expresso online, republicada ontem no Expresso papel, talvez tenha interesse dizer o seguinte e desse modo restabelecer o objectivo do requerente...

Há um erro nessa crónica. A entrada em vigor da Lei 52-A/2005 de 10 de Outubro, verificou-se cinco dias depois, ou seja em 15 de Outubro de 2005 e não em 1/11/05 como se escreveu. Foi esse erro de análise jurídica que sustentou um eventual processo de intenção baseado em suspeitas sérias - as de que os autarcas e titulares de cargos políticos tentaram protelar a data de entrada em vigor da lei, de modo a beneficiarem directamente de tal estultícia.

Não foi assim, diz o mais do que emérito jurista! Então, se não foi, são devidas desculpas. Não por mim, mas por quem o terá sugerido ou afirmado. E como aqui foi reproduzido o texto que vitimizou algumas virgens ofendidas, fica também a reparação pública, pela publicação da explicação do próprio Expresso de ontem.

Os autarcas que foram eleitos em 9 de Outubro anteciparam a tomada de posse para evitar cair sob a alçada da lei que lhes retira regalias, nomeadamente a contagem a dobrar do tempo de exercício do cargo para efeitos de reforma, um direito até agora reconhecido aos edis com pelo menos seis anos em funções. O esquema foi possível porque a lei, apro­vada a 15 de Setembro, demorou 19 dias a sair da Assembleia da República, levando a que, depois de promulgada pelo PR, apenas fosse publicada exactamente no dia seguinte ao das eleições autárquicas. Ainda assim, se a lei entrasse imediatamente em vigor, no dia 10, seria impossível aos autarcas antecipa­rem-se aos seus efeitos. Só que nem o Gover­no nem a AR se lembraram de determinar que a Lei 52-A/2005 vigorasse no dia da publi­cação, ao contrário do que aconteceu quan­do, por várias vezes, se conferiram novos di­reitos aos políticos.

Não tendo aposto qual­quer artigo sobre a entrada em vigor, funcio­na a «vacatio legis» de cinco dias no Continente e 15 nas Regiões Autónomas. Évora e Celorico de Basto estão entre os casos dos que conseguiram tomar posse antes, numa pressa inédita cuja explicação deixa muitas dúvidas. Também em Braga, o novo executi­vo de Mesquita Machado tomou posse em tempo recorde, a 15 de Outubro.

Mas, pior do que isso, muitos autarcas acreditam que a lei só entrará em vigor a 1 de Novembro. Porque o Estatuto dos Elei­tos Locais, republicado em anexo no final da Lei 52-A/2oos, conserva o artigo 28º que , determina: «A presente lei entra em vi­gor no dia 1º do mês seguinte ao da sua publicação). Por causa deste artigo, uma «febre» de tomadas de posse assolou o país. Em Lisboa (ver caixa), Carmona Rodri­gues antecipou a posse. Também Rui Rio, no Porto, Isabel Damasceno, em Leiria, Fá­tima Felgueiras, em Felgueiras, Isaltino Morais, em Oeiras, entre muitos outros, to­maram posse esta semana. E Nazaré, Faro, Santarém, Coimbra, Aveiro e a maioria dos concelhos já têm os novos autarcas empos­sados. Em Beja, a cerimónia ficou mesmo marcada pela manifesta «pressa», com depu­tados municipais a lamentarem a «falta de dignidade do acto». Em Salvaterra de Ma­gos, a única Câmara do BE, o executivo to­mou posse ontem. O Governo, reconhecendo terem sido le­vantadas «dúvidas», veio entretanto afirmar em nota da Presidência do Conselho de Mi­nistros que a «republicação em anexo» do Estatuto dos Eleitos Locais «não produz qualquer efeito quanto à entrada em vi­gor da lei» que agora vem restringir direitos dos autarcas. Mas fica por esclarecer por que razão nem o Governo nem a AR revogaram o dito artigo. O constitucionalista Jorge Miranda entende que «mais valia que se eliminasse a antiga norma na republicação, ou então que se tivesse disposto que a nova lei entrava imediatamente em vigor». Embora admita que a interpretação do Governo é a mais cor­recta, diz que «eventualmente haverá deba­te jurídico» que podia ter sido evitado. Outro constitucionalista ouvido pelo EX­PRESSO, Marcelo Rebelo de Sousa (que, en­quanto presidente cessante da Assembleia Municipal de Celorico de Basto, deu posse ao novo executivo local no dia 14 de Outu­bro), vai mais longe nas dúvidas legais: «Nor­malmente a republicação de um diploma legal alterado, incorporando as altera­ções, não implica o tomar-se em conside­ração disposições originárias sobre a sua entrada em vigor. E, por isso, é frequente que, ao alterá-lo, se revoguem essas dispo­sições. O estranho neste caso é que a AR tenha expressamente revogado o artigo 33° da Lei n° 4/85 de 9 de Abril, sobre asua entrada em vigor, e não tenha revoga­do o artigo z8.° da Lei 29/87 de 3o de Ju­nho, relativa à entrada em vigor deste di­ploma. Esta curiosa dualidade de crité­ rios, certamente não devida a distracção num diploma que demorou tanto tempo a elaborar, é a fonte das dúvidas sobre se o tal artigo z8.° serve para alguma coisa, ou seja, se serve para que as alterações à Lei 29/87, sobre o Estatuto dos Eleitos Locais, apenas entrem em vigor em 1 de Novembro próximo». Também Gomes Canotilho põe em cau­sa a técnica legislativa, embora considere que a data do diploma republicado “não tem efeitos agora”.

Falta de cuidado? Durante oito dias es­teve na 1ª comissão, para redacção final. O comunista António Filipe, membro desta comissão diz “que podia não ter demorado tanto tempo”, considerando porém «que não foi excessivo». Por seu lado, o presiden­te da comissão, o socialista Osvaldo Castro, diz que “este processo não podia ter nem menos um dia”, esclarecendo que o diplo­ma foi “no dia 28” enviado para o Gabinete de Jaime Gama. O presidente da AR levou até dia 4 para mandar o diploma para Belém. Sobre a controvérsia da entrada em vigor, Osvaldo Castro diz: “Eu admiti que podia dar confusão”, acrescentando que “o Go­verno podia ter tido o cuidado de tirar a data de entrada em vigor” no republicado Estatuto dos Eleitos Locais. Osvaldo Castro desvaloriza porém os feitos desta opção.

Ora, como se lê, a estultícia pode muito bem ter ocorrido, até porque houve pelo menos um autarca que beneficiou-e é do PS... Fica ao critério dos leitores a análise dos factos, contextualizando-se a questão para melhor se perceber. José Sócrates, disse publicamente, em Maio, na AR, que se propunha acabar “com os privilégios injustificados do actual regime especial de subvenções vitalícias dos titulares de cargos políticos." E disse depois disso, publicamente, que o governo tinha em primeiro lugar acabado com os privilégios dos políticos e depois com os de outros funcionários públicos. Ora bem, esta lei para “acabar com os tais privilégios dos políticos, no dia 16 de Junho já tinha dado entrada no Parlamento. Duas semanas depois foi discutida pelos deputados na generalidade, e no final de Julho (dia 28, véspera da interrupção para as férias de Verão) foi votada e aprovada na generalidade, com os votos do PS, PSD, PCP, BE e Verdes, e abstenção do CDS/PP. A lei de idêntico teor relativamente aos outros funcionários públicos, designadamente a que acabou com a progressão automática nas carreiras, foi publicada logo a seguir e entrou logo em vigor, antes de meados de Setembro ( et pour cause…). Esta, só mais de um mês depois!

Depois disto, admire-se o mais do que emérito jurista presidente da Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias da AR que o “público” pense o que foi escrito.

Publicado por josé 15:14:00 0 comentários  



O Expresso acertou

Ontem, no Expresso, escrevia-se...


Todos os ministérios, além do da Justiça, têm serviços sociais –o que significa que todos os funcionários que trabalham para o Estado podem recorrer a um sistema alternativo de protecção social e de saúde, além daquele que é assegurado pela ADSE.


Enquanto existir no seio do Estado, o SSPCM o SOFE; o SSMTSS;o SSME; o SSMJ e outros pequenos nichos em subsistema social por conta de Estado, a notícia do Expresso é verdadeira e útil para esclarecimento do "público". E demonstrativa de que o primeiro ministro não disse a verdade ao "público". Escusam, por isso, de prestar qualquer atenção às cabriolas obsessivas de qualquer manipulador de tasca

Aditamento às 23h:

O senhor Abrantes do blog Câmara Corporativa resolveu desvanecer-se em atenções comigo, certamente em exercício terapêutico que passa pelo uso do insulto gratuito. Enfim...por mim pode continuar com as cabriolas no lugar que lhe é próprio.

Como quero alguma reserva a que julgo ter direito, prefiro utilizar o meu nome próprio como pseudónimo. Daí que me reserve o direito de julgar que o senhor Abrantes é apelido próprio.E para já, fazer de conta que também é pseudónimo.
Por isso, senhor Abrantes, veja por favor isto em relação ao SOFE e veja se aprende alguma coisa de contabilidade pública, porque de direito parece ser um mestre acabado:

"Uma vez que os encargos directos com o fornecimento das refeições atingiram a importância de € 1 746 066,41, não foi possível com as verbas oriundas do Orçamento do Estado suportar, não só o diferencial dos custos indirectos resultantes do fornecimento de refeições, como também as despesas com todas as outras regalias e as despesas com todos os sectores de apoio, pelo que transitaram para 2003 encargos com o fornecimento de refeições no valor de € 276 264,41."

E isto é só das refeições.
E ainda mais isto:
" Para pagamento das despesas de funcionamento e de realização de actividades, os SOFE têm disposto de receita própria e de dotações no âmbito do O.E., bem como, a partir de 1998 de verbas do PIDDAC, cujos montantes anuais figuram no quadro e gráfico constantes da folha seguinte."

Depois disto, dou a discussão por encerrada.

Publicado por josé 14:19:00 2 comentários  



A "artilharia pesada"

Esqueçam tudo o que até agora foi dito sobre a "união", a "concórdia" e os "afectos". O verdadeiro candidato Mário Soares está "todo", inteiro, naqueles breves segundos em que, fugindo à banalidade, vergastou Cavaco com a sua "reforma" de "político profissional". Basta ter olhado para as televisões, como previ, ou lido os jornais, para perceber "o que é que interessa". Os "manifestos" e as "declarações de candidatura" vão rapidamente esfumar-se por entre bravatas captadas pelas câmaras e pelos textos. Atrair Cavaco para a "peixeirada" - duvido do sucesso do exercício - é o que importa. É preciso recuar a Agosto para situarmos as coisas no seu devido sítio. No famoso "perídodo de reflexão", Soares deu logo conta ao que vinha. Evitar, a todo o custo, o "passeio pela Avenida", alegadamente preparado para e por Cavaco, é o verdadeiro "programa". Vai, por isso, valer tudo. Soares acha - sempre achou - que Cavaco não possui aquilo a que ele e os seus amigos apelidam de "cultura democrática". Não ter estado escondido da PIDE, nem que por breves instantes, atrás de uma moita, é uma falha curricular grave. Não "praticar" a política, nem tão-pouco "teorizar" sobre ela a partir de uma visão jacobina do mundo e dos outros, é outra. Finalmente ter tido de suportar, durante os dez anos de mandato, a esquálida figura que, na sua concepção sobranceira, emergiu do "nada", terá sido a última das provações. Como se tudo isto não bastasse, Cavaco "ainda" tem o desplante de se candidatar a Belém, e, imagine-se, a veleidade plausível de vencer. Soares, o "real" - e não o das sonolentas apresentações a que temos assistido -, está-se nas tintas para os "afectos" quando a sua sobrevivência está em causa. Fazer dele um "coitadinho", perdido na bruma das sondagens, é uma falácia perigosa. Como ele explicou na Visconde Valbom, numa tarde de domingo solarento de Inverno, a uma plateia de "jovens" que faziam parte do MASP I, em 1985, com Zenha era forçado a recorrer à "artilharia pesada". É essa que ele irá buscar à medida que as coisas forem "aquecendo". A da "reforma" é apenas um "cheirinho" do que aí vem.

Publicado por João Gonçalves 13:25:00 0 comentários  



O guerreiro no seu labirinto

Numa cerimónia íntima e para os íntimos, Mário Soares apresentou, no Porto, as suas "comissões". Vasco Vieira de Almeida, o mandatário nacional, que pode ter talento para tudo menos para falar, aborreceu. Sobrinho Simões, o mandatário distrital, gracejou. Terminou o evento com um meio improviso do candidato. Soares quer uma campanha "diferente" e andar suavemente pelo país a pregar a "mudança", nas "colectividades", nas "universidades" e onde mais o "convidarem", tudo sem comícios e com sobriedade. Quer uma campanha "descentralizada" e os seus a trabalharem por si, nas localidades. E não conseguiu explicar por que é que achou "necessário" candidatar-se de novo, apesar da retórica das "circunstâncias" a que recorreu para justificar um exercício artificial. Lançou, por fim, uma "pérola" irritada ao "não político profissional", no que constituiu o único momento excitante e significativo da cerimónia. As televisões encarregar-se-ão de o divulgar como a melhor "ideia" que ali brotou. Por outro lado, no "Expresso", Mário Mesquita - que é da "comissão política" de Soares e que, presumo, partilha o candidato com o secretário geral do PS -, afirmou que "Cavaco Silva potencia o pior de José Sócrates". Não vale a pena comentar. Ça va de soi.

Publicado por João Gonçalves 13:17:00 0 comentários  



A elite profissional

A obsessão pela apresentação pública da comissão de honra da candidatura de Soares é um atestado de estultícia aos restantes cidadãos, um processo de submissão da autonomia de pensamento a uma elite, que mais não procura, na sua heterogeneidade, que conservar as regalias e privilégios que entende ameaçados.

Publicado por Nino 13:10:00 0 comentários  



cinco fora dois

Jerónimo de Sousa e Franscisco Louçã não irão, tudo o indica, a votos, nestas presidenciais. Está demasiado em jogo. A nenhum interessa que se diga que Cavaco ganhou porque eles dividiram. O PS, e 'os' do PS, que assaquem as culpas. Ao PCP, embalado do bom resultado das autárquicas, interessa tudo menos arriscar ter menos votos que Louçã, ao Bloco é demasiado perigoso e arriscado deixar Alegre crescer com um discurso 'alternativo' mais 'bloquista' que o do BE alguma vez foi. Ao Bloco interessa apostar em Soares, e sobretudo que este fique à frente de Alegre, já ao PC interessa, pesem os apoios de muitos renovadores comunistas áquele, apostar em Alegre, cujo discurso não tresmalha grande parte do seu eleitorado tradicional, mas dilacera o do BE, e sobretudo que Alegre se mantenha à frente de Soares. Sobram três candidatos.

P.S. Quanto ao Dr. Portas sosseguem, com sondagens ou sem elas, com ou sem campanha paga, não vai ser candidato.

Publicado por Manuel 00:22:00 5 comentários  



um disparate

«Neste momento, a eleição do professor Cavaco Silva iria destabilizar, do ponto de vista institucional», defende dirigente nacional do PS [Francisco Assis]

Publicado por Manuel 00:00:00 0 comentários  



um homem preocupado

Jorge Coelho.

Publicado por Manuel 23:51:00 0 comentários  



um homem perigoso

António Costa, a quem por estes dias tudo corre bem, até o SIRESP. Munícipios, Polícias, GNR, secretas, SEF, protecção civil, bombeiros, tudo sobre a sua alçada, em nome da eficiência e coordenação. Já só falta (falta mesmo ?) o INEM. A seguir, em nome da optimização, vai ser o assalto ao Ministério da Justiça, logo à PJ, que se funde com o MAI...

Publicado por Manuel 23:40:00 0 comentários  



um exemplo

de imprensa livre e insubmissa. A edição da Veja desta semana. Por cá não há disto. Em bom rigor nunca houve.

Publicado por Manuel 23:30:00 0 comentários  



uma pergunta

A propósito da tomada do controlo da Media Capital pelos espanhóis da Prisa, 'amigos' do PSOE, e com o beneplácito do governo, a esquerda defendeu as virtudes da livre circulação de capitais e do 'mercado' e a direita, indignada, arranhou a tese da defesa da pátria, da língua e até da soberania nacional. Agora que se aproxima, também com o beneplácito do Governo, a entrada do Sr. Berlusconni no sector de media nacional, como mais que provável parceiro estratégico da Cofina, como é que vai ser ? Vai ser igual, ou ao contrário ?

Publicado por Manuel 23:29:00 0 comentários  



uma medida sensata

A de José Sócrates ao anunciar que 'afinal' o PS e o Governo só mexerão na lei do Aborto após novo referendo.

Publicado por Manuel 22:16:00 0 comentários  



O velho "novo homem português"

Depois de escutar com atenção a leitura do "manifesto" de Cavaco Silva - ao contrário do Paulo Gorjão, não tenho paciência para os ler -, percebi que aquilo ia levar muita pancada. Salvo meia dúzia de interessados que, por dever de ofício ou por malícia, os têm de consumir, ninguém que esteja de bem com a vida perde um segundo com manifestos eleitorais. Não é por aí que se perde ou ganha o que quer que seja. De Soares veio o trivial. De Cavaco, chegou aquilo a que Vasco Pulido Valente hoje chama (link indisponível) "um manifesto misterioso". A crítica mais imediata é de que se trata de "um programa de governo". Não é, embora pareça. Cavaco propôe um programa de ajuda pessoal e política ao governo, seja ele qual for. Para o efeito, viu-se na necessidade de falar praticamente de tudo. Foi a opção dele e de quem o aconselhou - não seria a minha -, o que deu ao "manifesto" um "tom" misto de redacção e de dicionário de lugares-comuns políticos, como sublinha Pulido Valente. Qualquer coisa de mais escorreito teria servido perfeitamente o propósito. No fundo, Cavaco quis voltar ao velho mito do "novo homem português", revisto, corrigido e aumentado para o século XXI. Não vale a pena. O "novo homem", o dos anos noventa, deu no que deu. Arrivista, irreformável, ambicioso, ignorante e melífluo, este "produto" da democracia está espalhado, como praga, um pouco por toda a parte, do Estado à "sociedade civil". Quando as coisas mudaram, passou-se, com a tranquilidade própria dos invertebrados, e depois de ter sumariamente liquidado o "pai", para o aconchego maternal do "socialismo" de Guterres o qual, quando deu por isso, já estava enterrado no célebre "pântano". Vieram Barroso e Santana Lopes e, aí, o nosso "novo homem" tornou a prosperar com o "tempo novo" daqueles dois. Sócrates renovou a "ambição" ao propôr, em vez de um "novo homem", um "homem novo" para uma legislatura. É mais do mesmo. Há coisas onde, por bom senso e pudor, não vale a pena tocar. Nem Sócrates nem Cavaco nos livram da sua essencial viscosidade. O velho "novo homem português" veio para ficar. Não muda e nem eles - muito menos eles - o conseguem mudar.

Publicado por João Gonçalves 22:15:00 1 comentários  



uma frase

As presidênciais estão longe de ser um facto consumado.

Publicado por Manuel 21:39:00 0 comentários  



um resultado

O Setúbal, agora de José Couceiro, e ainda com salários em atraso, empatou com o F. C. Porto.

Publicado por Manuel 21:34:00 3 comentários  



um filme

O Crime do padre Amaro. É, no fundo, até nos excessos, a outra 'metade' de um outro filme - Portugal S.A. Juntos são outro bom resumo de Portugal. Ana Bustorff merecia um óscar.

Publicado por Manuel 21:09:00 0 comentários  



um retrato

Três (jovens) actrizes distintas da série 'Morangos com Açucar', TVI, são este mês capa, das três revistas 'masculinas' de 'referência' que se editam em Portugal. Este pequeno 'facto' é também ele um bom retrato do país.

Publicado por Manuel 21:03:00 0 comentários  



oito ministros sob escuta

O Rui Costa Pinto, na Visão desta semana, escreve, sem papas na língua, que o MP, presume-se que o DCIAP de Cândida Almeida, inviabilizou várias vezes a detenção, por proposta da PJ, de Joaquim Raposo, presidente da Câmara Municipal da Amadora, eleito pelo PS, e braço armado de Jorge Coelho nas mais diversas frentes. Mais para o meio da mesma prosa fica-se a saber que a propósito de outro caso mediático, por acaso até 'relacionado', chegaram a estar sob escuta telefónica oito, repito, oito, sim oito ministros, ao mesmo tempo, do inesquecível governo do Dr. Lopes, sem no entanto ficar o leitor a saber quais. Em qualquer circunstância, sob qualquer ponto de vista, parece inacreditável que a justiça de um país europeu, do 'primeiro mundo', considere como alvos 'suspeitos' nada mais do que oito ministros de um mesmo governo. Ou se usa e abusa 'à balda' das escutas, e nesse caso é de assacar responsabilidades, ou as suspeitas eram suficientemente graves, e verosímeis, e, nesse caso, é de questionar onde estãos os resultados... É que pelo meio, ao ler-se do PS e do PSD, e vice-versa, fica um travo amargo - o de que uma mão (a)paga a outra...

Publicado por Manuel 20:37:00 0 comentários  



it 's Macau stupid !

No Expresso de hoje, discretamente, fica-se a saber que Cândida Almeida, Rodrigues Maximiano e António Cluny, apresentados como Procuradores Gerais Adjuntos, estão entre os 700 integrantes da Comissão de Honra de Apoio à candidatura Presidencial do Dr. Soares. Cândida Almeida é a responsável pelo DCIAP, que combate candidamente a alta criminalidade, além de, mais recentemente, ser a madrinha de baptismo da já tristemente célebre operação 'furacão'. Cluny, além de representante sindical dos magistrados do MP, tarefa que partilha com a de confidente de Cunha Rodrigues ainda é relações públicas de Alberto Costa, Ministro da Justiça, que incessantemente tenta sistematicamente credibilizar, tal é a forma como defende os 'direitos' dos seus. Já Rodrigues Maximiano, um caso à parte, esteve em Macau onde foi 'abonador' de Alberto Costa, é marido da primeira, foi 'arquivador' do caso do Fax/Macau/Melancia, já cá, e responsável mais tarde da IGAI (onde fez um bom trabalh0, note-se), já não 'é' tecnicamente do MP, está 'apenas', como eleito pelo PS, no... Conselho Superior do Ministério Público, falando-se recorrentemente no seu nome como putativo PGR caso Souto Moura tropece antes de Sampaio apagar a luz. Na curta 'breve' do Expresso está explicada muita da história recente portuguesa. O resto à conversa.

Publicado por Manuel 20:22:00 0 comentários  



Macau, Alberto Costa, os magistrados, o povo e a Justiça que (não) temos (III)

Convinha que muito boa gente das magistratutas percebesse e interiorizasse um dado básico - não vale a pena perder um segundo, sequer, a reclamar, das 'qualidades' intrínsecas do Ministro Alberto Costa, do seu carácter, etc e tal, enquanto o comum dos mortais olhar para o ministro, e olhar de seguida para as magistraturas e vir como superiores representantes destas, e faces visíveis, personagens com o calibre do Dr. Cluny, do Sindicato do MP, ou Baptista Coelho, do Sindicato dos juízes, cujo calibre, discurso e carácter, é de todo equiparável ao do mesmo ministro que tanto vituperam...

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Macau, Alberto Costa, os magistrados, o povo e a Justiça que (não) temos (II)

Sejamos claros, mais uma vez - ao português comum não interessa o que se passou em Macau, que nunca lhes disse muito (ao contrário das colónias) na década de 80, mas isso não quer dizer que o assunto não seja relevante nem deva ser discutido, embora não necessariamente nos moldes em que o tema está a ser reintroduzido. É que o relevante não serão tanto os eventuais pecadilhos 'juvenis' de uma série de gente, ocorridos em Macau, mas o relevo e, 'efeitos secundários', que esses eventos, e esses pecados, ainda tem nos dias que correm. É que se criminalmente os factos serão irrelevantes porque prescritos, politicamente podem servir para explicar muita coisa, desde nomeações, a promoções, a negócios, passando por silêncios activos e passivos. E uma democracia adulta e madura, não se pode dar ao 'luxo' de este tipo de fantasmas, que os há, que contam e pesam mais, e estão muito mais próximos, no espaço e no tempo, do que parecerá à primeira vista. Dito isto, em todo o dossier Macau, Alberto Costa não passa, tal como neste governo, de uma nota de rodapé. Coelho e Vitorino , por exemplo, é que já não.

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